Os Estados Unidos restringiram ainda mais, nesta segunda-feira (2), a exportação de semicondutores e equipamentos para fabricá-los à China, invocando riscos à segurança nacional, em medidas que enfureceram Pequim a sete semanas da posse de Donald Trump.
Este "pacote de normas" tem como objetivo dificultar a capacidade da China de "produzir semicondutores (...) que podem ser utilizados na próxima geração de sistemas avançados de armas, em inteligência artificial (IA) e computação avançada, que têm importantes aplicações militares", anunciou o Departamento de Comércio em um comunicado.
Concretamente, o departamento controlará as exportações dessa tecnologia dos Estados Unidos para a China se considerar que ameaçam a segurança nacional dos EUA.
Ambos os países, que competem para dominar a tecnologia, travaram uma guerra comercial durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021).
E o segundo, que começa em 20 de janeiro, promete ser igualmente agitado. O republicano ameaça aumentar as tarifas para incentivar as empresas a repatriar toda ou parte de sua produção para os Estados Unidos.
"Os Estados Unidos tomaram medidas significativas para proteger nossa tecnologia e evitar que nossos adversários a utilizem de forma que ameace nossa segurança nacional", declarou o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, citado no comunicado.
Washington continuará trabalhando com aliados "para salvaguardar de forma proativa e agressiva nossas tecnologias e conhecimentos líderes no mundo", acrescentou.
As medidas restringem as exportações para 140 empresas, incluindo as chinesas Piotech e SiCarrier Technology.
Também afetam o Naura Technology Group, que fabrica equipamentos para a produção de semicondutores, segundo o Departamento de Comércio, e incluem controles sobre dezenas de equipamentos de fabricação de semicondutores e três tipos de ferramentas de software.
- Protesto da China -
O objetivo é "obstaculizar a capacidade da China de adquirir e produzir tecnologia necessária para sua modernização militar", anunciou o Departamento de Comércio.
O alcance dessas medidas é atenuado pelo fato de que o presidente democrata Joe Biden está prestes a deixar o cargo.
Durante este período de transição entre o presidente atual e o próximo, "a política externa dos Estados Unidos não é definida apenas pelas ações da administração atual, mas também pelas promessas da nova administração", explicou à AFP Thibault Denamiel, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos e Estudos Internacionais (CSIS).
"O presidente eleito Trump se comprometeu a tomar medidas drásticas no campo comercial entre os Estados Unidos e a China, as quais ofuscam esses controles de exportação direcionados aos semicondutores", acrescentou.
A China considera as novas medidas um abuso.
Segundo um porta-voz do ministério chinês do Comércio, os Estados Unidos "abusam das medidas de controle de exportação" e "obstaculizam os intercâmbios econômicos e comerciais".
Biden aprovou em 2022 a Lei dos Semicondutores para fortalecer essa indústria nos Estados Unidos, considerando que a deslocalização, em parte para a Ásia, implica riscos de fornecimento, como se viu durante a pandemia de covid-19.
A atual cadeia de fornecimento de semicondutores, desde a fabricação até a embalagem, está concentrada em um punhado de países asiáticos, liderados por China, Taiwan e Coreia do Sul.
Décadas atrás, os Estados Unidos produziam mais de 40% dos semicondutores no mundo, mas atualmente representam menos de 10% da produção, segundo a Casa Branca.
* AFP