O presidente do Chile, Gabriel Boric, enfrenta uma denúncia de assédio sexual contra uma mulher, que teria acontecido há 10 anos, mas que ele nega "categoricamente", informou sua defesa nesta terça-feira (26).
Os acontecimentos remontam a julho de 2013, quando Boric — na época com 27 anos — estudava Direito na cidade de Punta Arenas, extremo sul do Chile. Um ano depois, ele foi eleito deputado pela região.
Foi lá que conheceu a mulher que hoje o acusa de assédio sexual e divulgação de material íntimo, conforme denúncia apresentada em 6 de setembro.
O advogado de defesa do presidente, Jonatan Valenzuela, afirmou que foi o presidente Boric quem foi assediado com o envio de dezenas de e-mails, um deles com imagens "explícitas".
— O presidente que é a vítima de uma situação de assédio sistemático por meio do envio de e-mails que tem como evento este ano a apresentação desta denúncia — disse Valenzuela aos jornalistas nesta terça-feira.
Segundo o advogado, os e-mails foram entregues ao Ministério Público e "são claramente esclarecedores" da situação de assédio de que o presidente diz ser vítima.
— O presidente rejeita e nega categoricamente o conteúdo desta denúncia — acrescentou Valenzuela.
"Denúncia sem fundamento"
A denúncia veio a público na noite de segunda-feira (25) por meio de um comunicado oficial divulgado pela Presidência chilena.
Segundo o advogado, a equipe jurídica do presidente tomou conhecimento da ação judicial por meio da revisão periódica de eventos que possam ter relevância nas diversas esferas públicas e decidiu divulgá-la.
Cristián Crisosto, chefe do Ministério Público de Magallanes, de onde é o presidente, confirmou que "existe um processo criminal relacionado com os fatos indicados".
Uma equipe especial do Ministério Público está a cargo da investigação, acrescentou o procurador Crisosto, que se absteve de dar mais detalhes do caso sob reserva.
A defesa do presidente chileno, de 38 anos, afirma que a mulher "apresentou uma denúncia sem qualquer fundamento".
— Meu cliente nunca teve um relacionamento afetivo ou amigável com ela, e eles não têm comunicação desde julho de 2014 — pontuou Valenzuela.
Boric, que em 2026 completará seu mandato de quatro anos sem direito à reeleição imediata, tem foro especial e, para ser investigado, a Justiça precisa primeiro aprovar um julgamento sobre a imunidade.
O caso contra Boric vem à tona em um momento em que o seu governo enfrenta um escândalo devido às acusações de abuso sexual e estupro contra o ex-subsecretário de Segurança e Interior, Manuel Monsalve, que está em prisão preventiva há uma semana.
Na campanha para sua eleição em 2021, Boric foi acusado de outro suposto assédio sexual, que também negou na época. A denúncia nunca foi investigada criminalmente.