A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, recebeu, nesta quinta-feira (21), um telefonema durante uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo com a ordem de não comentar sobre um ataque com míssil balístico contra a Ucrânia.
Durante a ligação, uma voz masculina dirige-se a Maria:
"Sobre o ataque com míssil balístico sobre (a central de) "Yuzhmash", do qual os ocidentais estão falando, nós não estamos comentando nada", indicou a voz em referência a um fabricante espacial localizado na cidade de Dnipro.
"Sim, obrigada" respondeu Zakharova antes de retomar a coletiva.
O diálogo foi captado pelos microfones da entrevista.
Ataque russo
Na manhã desta quinta-feira (21), o exército ucraniano informou que a Rússia teria lançado pela primeira vez um míssil balístico intercontinental, com capacidade nuclear, na Ucrânia. Sem ogiva nuclear.
Resposta russa
O governo russo disse nesta quinta-feira que a Rússia fará "o máximo de esforços" para evitar uma guerra nuclear.
— Nós enfatizamos que, seguindo nossa doutrina, a Rússia assume uma posição responsável para fazer o máximo de esforços para não permitir tal conflito — disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, enfatizando que espera que "outros países" mantenham "essa posição responsável".
Mísseis de longo alcance
Na terça-feira (19) a Ucrânia disparou pela primeira mísseis americanos de longo alcance contra a Rússia, que prometeu responder e intensificou a ameaça nuclear.
Um alto funcionário em Kiev confirmou à AFP que o exército ucraniano bombardeou a região fronteiriça russa de Briansk com mísseis ATACMS, de longo alcance, fabricados nos Estados Unidos, depois de a Rússia denunciar o ataque.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que o ataque abre uma "nova fase na guerra do Ocidente contra a Rússia".
— Reagiremos de acordo — acrescentou Lavrov, em declarações no Rio de Janeiro, onde participou da cúpula do G20.
O governo do presidente Joe Biden autorizou, na semana passada, que a Ucrânia atacasse a Rússia com mísseis americanos de longo alcance, em uma mudança estratégica a poucas semanas da posse de Donald Trump.
O presidente russo, Vladimir Putin, não se referiu diretamente a esta nova situação, mas assinou, na terça-feira, decreto que amplia as possibilidades nas quais seu país poderia recorrer ao uso de armas nucleares.