O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajou de emergência a Bruxelas nesta terça-feira (12) para reuniões com aliados sobre o fluxo de ajuda militar à Ucrânia no conflito com a Rússia, após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Blinken, o máximo representante diplomático do governo do presidente em fim de mandato Joe Biden, se reunirá na quarta-feira "com os seus homólogos da Otan e da União Europeia para discutir a ajuda à Ucrânia na sua defesa contra a agressão russa", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado.
O chefe da diplomacia americana voou da base aérea Andrews, perto de Washington, após um atraso de mais de duas horas devido a um problema mecânico em seu avião, constatou um repórter da AFP que viajava com a missão.
A eleição do ex-presidente Trump (2017-2021) em 5 de novembro, juntamente com uma crise política na Alemanha, aumentaram os receios na Europa sobre o futuro da ajuda à Ucrânia.
No passado, Trump expressou admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin, e questionou os 175 bilhões de dólares (1 trilhão de reais na cotação atual) em assistência dos EUA à Ucrânia desde a invasão de Moscou em 2022.
O bilionário republicano, de 78 anos, afirmou que pode acabar com a guerra em um dia, provavelmente forçando a Ucrânia a realizar concessões territoriais, embora Mike Waltz, supostamente o seu futuro assessor de Segurança Nacional, tenha dito que Trump também pode pressionar Putin.
O The Washington Post informou que Trump já conversou com Putin por telefone após a sua eleição e desencorajou uma escalada por parte da Rússia. O Kremlin negou a informação.
Por outro lado, o legislador republicano Marco Rubio, escolhido por Trump para suceder Blinken, disse em uma entrevista recente que os Estados Unidos devem reconhecer que a guerra na Ucrânia chegou a um impasse e que deveriam demonstrar "pragmatismo" em relação ao apoio militar futuro.
As eleições nos Estados Unidos foram realizadas enquanto a Ucrânia se preparava diante de denúncias de tropas norte-coreanas foram enviadas para lutar pela Rússia, segundo fontes de inteligência dos EUA.
- "A posição mais forte possível" -
O governo Biden deixou claro que planeja avançar nas semanas restantes com os mais de 9 bilhões de dólares (52,1 bilhões de reais) em fundos restantes atribuídos pelo Congresso para armas e outra assistência de segurança à Ucrânia.
"Nossa abordagem permanece a mesma dos últimos dois anos e meio, que é colocar a Ucrânia na posição mais forte possível no campo de batalha para que, em última análise, esteja na posição mais forte possível na mesa de negociações", disse Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional de Biden, ao programa "Face The Nation" da CBS News.
Mark Cancian, principal assessor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, espera que os Estados Unidos se concentrem em particular em veículos de transporte, fornecimentos médicos e munições para armas pequenas, que a Ucrânia precisa e que os Estados Unidos podem fornecer.
"Acho que até o final do semestre eles tentarão enviar tudo o que puderem", disse Cancian.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou na segunda-feira que Putin poderia aproveitar a transição pós-eleitoral dos EUA para fazer pressões a seu favor.
"Não temos tempo para esperar até a primavera", disse ele.
Tanto a Ucrânia como Moscou registraram um aumento nos ataques de drones. O The New York Times informou que a Rússia reuniu 50 mil soldados, incluindo norte-coreanos, para tentar desalojar as forças ucranianas que tomaram partes da região russa de Kursk há vários meses.
* AFP