O governo venezuelano informou, nesta quarta-feira (30), que convocou seu embaixador no Brasil para consultas, em meio à crise desencadeada pelo veto brasileiro ao acesso da Venezuela ao Brics e aos questionamentos sobre a reeleição do presidente Nicolás Maduro em julho.
"Informa-se à comunidade nacional e internacional que, seguindo instruções do presidente Nicolás Maduro Moros, foi decidido convocar imediatamente o embaixador Manuel Vadell para consultas", diz um comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
"Denunciamos o comportamento irracional dos diplomatas brasileiros que, contrariando a aprovação dos demais membros dos Brics, assumiram uma política de bloqueio", acrescenta o texto, indicando também que o encarregado de negócios do Brasil em Caracas foi convocado.
O comunicado reforçou, ainda, o "mais firme repúdio às declarações intervencionistas e grosseiras de porta-vozes autorizados pelo governo brasileiro", com ênfase no ex-chanceler Celso Amorim, assessor de política exterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos últimos dias, Amorim explicou que o veto brasileiro à entrada da Venezuela no Brics ocorreu devido a uma "quebra de confiança" pela falta de transparência no processo de apuração dos votos nas eleições presidenciais no país vizinho, as quais a oposição assegura ter vencido.
O Brasil não reconheceu a reeleição de Maduro em 28 de julho, assim como Estados Unidos, União Europeia e boa parte dos países latino-americanos.
Na segunda-feira passada, Maduro pediu a Lula — um antigo aliado desde os tempos de seu antecessor, Hugo Chávez — que se pronunciasse sobre o veto.
Na terça-feira, Amorim disse perante o Congresso brasileiro que a Venezuela reagiu de forma "desproporcional" ao veto.
O bloco do Brics surgiu em 2009 com quatro membros — Brasil, Rússia, Índia e China —, aos quais se somou a África do Sul em 2011, e se expandiu mais recentemente com a entrada de Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.