Israel bombardeou, nesta segunda-feira (21), uma empresa libanesa vinculada ao Hezbollah, que o país acusa de financiar as armas do movimento islamista apoiado pelo Irã, após quase um mês de guerra aberta.
Os bombardeios israelenses atingiram os escritórios da empresa financeira Al Qard Al Hassan nas cidades de Nabatieh e Tiro, no sul do Líbano, durante a noite, segundo a agência nacional de notícias libanesa, Ani.
Nesta segunda-feira, o exército israelense anunciou que atacou "dezenas de instalações e áreas" utilizadas pelo movimento islamista em Beirute e no sul do Líbano, incluindo antenas da instituição financeira.
Os ataques mostram que as Forças de Defesa de Israel, em guerra aberta contra o Hezbollah há quase um mês, procuram minar as capacidades de financiamento do grupo.
Israel acusa a Al Qard Al Hassan de financiar as "atividades terroristas do Hezbollah", incluindo a compra de armas e o pagamento dos combatentes.
O Hezbollah construiu sua base social em áreas xiitas do Líbano ao fornecer proteção, atendimento de saúde, serviços de educação e financeiros em um estado corroído há décadas pelo sectarismo e pela corrupção.
A Al Qard Al Hassan é uma empresa financeira vinculada ao Hezbollah que oferece microcréditos. No Líbano, o sistema bancário tradicional entrou em colapso há cinco anos, quando o país sofreu uma nova crise econômica.
A instituição é objeto de sanções do governo dos Estados Unidos, que acusa o Hezbollah de utilizá-la como cobertura para as atividades financeiras do grupo e para ter acesso ao sistema financeiro internacional.
No domingo, 11 bombardeios atingiram a periferia sul de Beirute, informou a agência Ani, vários deles direcionados contra os escritórios da Al Qard Al Hassan.
Israel também bombardeou filiais da Al Qard Al Hassan no Vale do Bekaa, leste do Líbano, e no sul do país.
Segundo a Ani, um bombardeio também foi registrado perto do aeroporto de Beirute, principal porta de entrada de ajuda humanitária e de saída para quem tenta fugir do conflito.
Representante dos Estados Unidos em Beirute
O representante norte-americano Amos Hochstein desembarcou em Beirute nesta segunda-feira (21). O jornal Al Akhbar, vinculado ao Hezbollah, destaca em sua manchete: "Hochstein negocia com fogo", com uma fotografia que mostra um avião no aeroporto de Beirute e, ao fundo, a fumaça provocada por um bombardeio.
O exército israelense informou que dezenas de projéteis foram lançados do Líbano nesta segunda-feira.
O ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, afirmou às tropas, no domingo, que as Forças de Defesa estão intensificando os bombardeios contra o Hezbollah no Líbano, destruindo áreas que o grupo "planejava utilizar para executar ataques contra Israel".
Depois de enfraquecer o Hamas em Gaza, Israel transferiu a maior parte das suas operações para o Líbano, com o objetivo de permitir o retorno para suas casas de quase 60 mil israelenses deslocados pelos ataques do movimento islamista.
A guerra na Faixa de Gaza começou após a incursão, em 7 de outubro de 2023, de combatentes do Hamas que mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses e que inclui os reféns que morreram em cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas no ataque, 97 permanecem retidas em Gaza, das quais 34 foram declaradas mortas pelo exército.
Em apoio ao seu aliado palestino, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel em outubro do ano passado, com ataques transfronteiriços que forçaram milhares de israelenses a fugir das suas casas.
Desde 23 de setembro, quando Israel iniciou a campanha de bombardeios no Líbano, ao menos 1.470 pessoas morreram no país, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Além disso, até meados de outubro, a intervenção israelense havia forçado a fuga de quase 700 mil pessoas de suas casas, segundo a ONU.