Diante da "emergência energética" que Cuba enfrenta, o governo decidiu paralisar todas as atividades de trabalho estatais que não sejam consideradas essenciais, anunciou o primeiro-ministro Manuel Marrero na quinta-feira (17).
"Nesta situação, que se agravou nos últimos dias, foram emitidas instruções adicionais para paralisar todas as atividades de trabalho estatais que não são estritamente essenciais", afirmou em um discurso em cadeia nacional de rádio e televisão, sem especificar o prazo da medida.
O primeiro-ministro afirmou que o dispositivo pretende priorizar os serviços para as famílias.
O presidente Miguel Díaz-Canel anunciou algumas horas antes na rede social X que a ilha enfrenta uma "emergência energética" devido à dificuldade de importação do combustível para alimentar seu sistema de energia.
"O cenário complexo que atravessamos tem sua causa principal no acirramento da guerra econômica e da perseguição financeira e energética dos Estados Unidos, o que dificulta a importação de combustível e outros recursos necessários para essa indústria", disse o presidente, em referência à intensificação das sanções de Washington contra a ilha.
A energia elétrica em Cuba é gerada por suas oito centrais termelétricas desgastadas, que em alguns casos apresentam avarias ou estão em manutenção, sete centrais flutuantes - que o governo aluga de empresas turcas - e grupos de geradores. A infraestrutura requer principalmente combustível para funcionar.
Na quinta-feira, Cuba registrou quase 50% de déficit na geração de eletricidade, um problema que provocou apagões de até 20 horas em apenas um dia em algumas províncias.
Lázaro Guerra, diretor-geral de eletricidade do Ministério de Energia e Minas, disse à TV estatal que em "todas as horas do dia" o déficit de energia elétrica seria de mais de 1.000 megavolts em "todas as horas do dia" e chegará a 1.678 durante a demanda máxima de 3.300 megavolts.
Os cubanos enfrentam há três meses os indesejados apagões, que se prolongam e se tornam cada vez mais frequentes, com um déficit em muitos dias de 30% na cobertura nacional.
Interrupções no serviço de quatro horas ou mais por dia são registradas até em amplas zonas de Havana, uma província prioritária para as autoridades por ser a mais populosa e sede do governo da ilha.
No município da 'Plaza de la Revolución', em Havana, as autoridades suspenderam na quinta-feira "todos os serviços que não são vitais e que geram custos de energia", com exceção de centros essenciais como hospitais e centros de produção de alimentos.
As aulas também foram suspensas até segunda-feira e locais de entretenimento permanecerão fechados.
Autoridades da empresa elétrica da província de Camagüey, no centro do país, anunciaram medidas severas desde quarta-feira.
"A Empresa Elétrica de Camagüey trabalha para garantir o serviço por cerca de três horas aproximadamente", indicou em uma postagem na rede social X a companhia local.
De acordo com a imprensa independente local, dezenas de pessoas protestaram no início da semana nas províncias de Sancti Spíritus (centro) e Holguín (nordeste) por causa dos longos apagões.
A ilha se recuperou, em 2023, dos apagões cotidianos com os quais sofreu durante quase todo o ano anterior.
* AFP