O presidente russo, Vladimir Putin, chegou à Mongólia nesta segunda-feira (2), segundo a televisão russa, em sua primeira viagem a um país membro do Tribunal Penal Internacional (TPI) desde a emissão de sua ordem de prisão acusado de crimes de guerra.
Depois de aterrissar à noite no aeroporto de Ulan Bator, capital da Mongólia, imagens da televisão russa mostraram Putin descendo de seu avião.
O tribunal e as autoridades ucranianas fizeram um apelo ao país para que prendesse Putin, alvo de um mandado de reclusão pela suposta "deportação" de crianças ucranianas nos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia.
Como os demais países que aderiram ao Estatuto de Roma, no qual se baseia o TPI, a Mongólia "tem a obrigação de cooperar" com este tribunal, declarou o porta-voz Fadi el-Abdallah.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia também instou as autoridades da Mongólia a "transferirem Putin para o Tribunal Penal Internacional em Haia".
Várias ONGs aderiram ao pedido nesta segunda-feira. O país "tem de deter" Putin, que "está fugindo da justiça", insistiu o diretor executivo da Anistia Internacional na Mongólia, Altantuya Batdorj.
Para Maria Elena Vignoli, da organização Human Rights Watch, receber o presidente russo seria "uma afronta às inúmeras vítimas dos crimes das forças russas" na Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu que esta possibilidade não despertava nenhuma "preocupação".
"É claro, todos os aspectos da visita foram preparados cuidadosamente", acrescentou.
Quando um Estado-membro não cumpre suas obrigações com o TPI, a corte pode recorrer à Assembleia dos países membros, que se reúne uma vez por ano, embora as possíveis sanções sejam geralmente limitadas.
Desde sua criação, outros indivíduos que foram alvo de mandados de prisão do TPI, como o ditador sudanês Omar al Bashir, viajaram para Estados signatários do Estatuto de Roma sem serem detidos.
A Mongólia assinou o estatuto em 2000 e ratificou sua adesão ao TPI dois anos depois.
* AFP