O papa Francisco criticou nesta sexta-feira (13) Donald Trump e Kamala Harris, os principais candidatos presidenciais dos Estados Unidos, por suas políticas que ele chamou de "antivida" em relação ao aborto e à migração, e aconselhou os católicos norte-americanos a escolherem quem acham ser o "mal menor" nas próximas eleições do país.
Ambos são contra a vida, seja o que expulsa os migrantes ou o que (apoia) matar bebês.
PAPA FRANCISCO
O líder católico foi questionado sobre como aconselharia os eleitores americanos durante uma conferência de imprensa a bordo de seu voo de volta a Roma, após sua viagem por quatro países da Ásia. Francisco ressaltou que não é americano e não vai votar. Nenhum dos candidatos, seja o republicano ou a democrata, foi mencionado pelo nome.
Francisco se expressou de forma contundente ao ser questionado sobre suas posições em relação a duas questões polêmicas nas eleições dos EUA — o aborto e a migração — que também são de grande preocupação para a Igreja Católica.
Francisco tem dado prioridade à situação dos migrantes em seu pontificado e fala enfaticamente e com frequência sobre o tema. Ele afirmou que a migração é um direito descrito nas Escrituras e que qualquer um que não siga o chamado bíblico para acolher o estrangeiro está cometendo um "pecado grave".
Também foi direto ao falar sobre o aborto.
— Fazer um aborto é matar um ser humano. Você pode gostar da palavra ou não, mas é matar — disse ele.
Questionado sobre o que os eleitores deveriam fazer nas urnas, Francisco lembrou do dever cívico de votar.
Deve-se votar e escolher o mal menor. Quem é o mal menor, a mulher ou o homem? Eu não sei. Cada um, em sua consciência, deve pensar e fazer isso.
PAPA FRANCISCO
Outra ocasião
Não é a primeira vez que Francisco se pronuncia sobre uma eleição nos EUA. Durante o período que antecedeu as eleições de 2016, Francisco foi questionado sobre o plano de Trump de construir um muro na fronteira entre os EUA e o México.
Francisco declarou então que qualquer um que construa um muro para impedir a entrada de migrantes "não é cristão". Ao responder na sexta-feira, Francisco lembrou que celebrou uma missa na fronteira EUA-México e "havia tantos sapatos dos migrantes que terminaram mal ali".
Trump promete deportações em massa, assim como fez em sua primeira campanha presidencial, quando havia uma grande distância entre suas ambições e as realidades legais, financeiras e políticas de tal empreendimento.
A conferência dos bispos dos EUA, por sua vez, declarou que o aborto é a "prioridade preeminente" para os católicos americanos em seu guia de orientação aos eleitores. Harris tem defendido fortemente a legalização do aborto e enfatizado o apoio à restauração de uma permissão federal à interrupção da gravidez.
— A ciência diz que no primeiro mês após a concepção, todos os órgãos de um ser humano já estão lá, todos eles. Fazer um aborto é matar um ser humano. Quer goste ou não da palavra, isso é matar — acrescentou o Papa sobre aborto.