Ao menos 17 crianças morreram e 70 estão desaparecidas depois de um incêndio ter devastado um dormitório de uma escola de ensino fundamental no centro do Quênia, disseram as autoridades nesta sexta-feira (6), enquanto os pais se desesperam por notícias dos filhos.
O incêndio na Academia Hillside Endarasha, no condado de Nyeri, começou por volta da meia-noite e atingiu o local em que mais de 150 crianças dormiam, segundo a porta-voz da polícia, Resila Onyango.
"Dezessete pessoas morreram no incidente e outras foram levadas para o hospital com ferimentos graves", acrescentou. "Os corpos encontrados no local estão carbonizados a tal ponto que são irreconhecíveis", disse a porta-voz.
O vice-presidente do Quênia, Rigathi Gachagua, declarou aos jornalistas que "70 crianças ainda não foram localizadas".
"Isso não significa que tenham morrido ou que estejam feridas", afirmou, acrescentando que 27 menores estão hospitalizados.
A escola do ensino fundamental tem quase 800 alunos, com idades entre cinco e 12 anos, e fica 170 km ao norte de Nairóbi, capital do país africano. A polícia informou que a idade média dos falecidos é de nove anos.
Quase 100 pais se reuniram na entrada da escola para aguardar notícias sobre os filhos.
"Há poucas informações. Dizem que algumas crianças fugiram, mas não nos dizem para onde", afirmou Francis Wachira, 33 anos, cuja filha estava na escola.
"Quanto mais tempo fico aqui, mais a esperança de encontrar minha filha diminui", disse à AFP.
- "Traumatizados" -
O ministro do Interior, Kithure Kindiki, disse que algumas crianças conseguiram refúgio nas casas vizinhas.
"Há algumas crianças que estão vivas e bem, com as pessoas que deram abrigo durante a noite", explicou, antes de indicar que as autoridades ainda estão buscando informações.
Elisabeth Nyambura, 35 anos, disse que encontrou o filho de 13 anos, mas que continua procurando um dos seus colegas de turma.
"A única coisa que ele me contou foi que viu a fumaça e que escaparam pela janela. Estou feliz que ele esteja vivo", declarou.
A polícia abriu uma investigação, mas a causa da tragédia ainda não foi determinada.
A comissão nacional de gênero e igualdade do Quênia afirmou, no entanto, que as informações iniciais indicam que o local estava "superlotado, uma violação das normas de segurança".
O presidente queniano, William Ruto, expressou condolências.
"Nossos pensamentos estão com as famílias das crianças que perderam suas vidas na tragédia do incêndio", escreveu na rede social X. "É uma notícia devastadora", acrescentou.
Ruto disse que ordenou uma investigação profunda do "incidente horrível" e prometeu que os responsáveis serão "responsabilizados".
A Cruz Vermelha queniana informou que está no local para ajudar as autoridades. A organização afirmou na rede X que está prestando "serviços de apoio psicossocial aos alunos, professores e famílias afetadas".
O Quênia e outros países do leste da África sofreram muitos incêndios em escolas nos últimos anos.
Em 2016, nove estudantes morreram em uma tragédia em uma escola para mulheres no bairro de Kibera, em Nairóbi.
* AFP