O Hezbollah afirmou, nesta quarta-feira (18), que seguirá lutando "para apoiar Gaza" após a explosão de pagers que o governo diz pertencer a membros do movimento libanês. O grupo extremista e o governo do Líbano responsabilizaram Israel pelo incidente, que causou pelo menos nove mortes e deixou quase 3 mil feridos. O governo israelense não se pronunciou sobre as acusações.
"A resistência islâmica no Líbano continuará, como em todos os dias anteriores, suas operações para apoiar Gaza, seu povo e sua resistência, e para defender o Líbano, seu povo e sua soberania", disse o grupo, aliado do movimento palestino Hamas.
No comunicado, o Hezbollah, que é ligado ao Irã, também prometeu um "duro ajuste de contas" contra Israel "por seu massacre da terça-feira".
O ministro da Saúde libanês, Firass Abiad, disse que as explosões "mataram nove pessoas, incluindo uma menina". Segundo ele, cerca de 2,8 mil ficaram feridas, das quais 200 em situação "crítica". Conforme o ministro, a maioria das vítimas apresenta feridas "no rosto, numa mão, na barriga e até nos olhos".
Bipes ou pagers são pequenos aparelhos de mensagens e localização que não precisam de cartão SIM ou conexão com a internet.
Uma fonte próxima ao Hezbollah disse à agência de notícias AFP que "centenas de membros" do movimento "ficaram feridos pela explosão simultânea de seus pagers", tanto nos subúrbios do sul de Beirute, na parte meridional do Líbano e no vale oriental da Beca.
De acordo com a televisão estatal da região, um dos feridos é o embaixador iraniano em Beirute, Mojtaba Amani, que está fora de perigo.
País vizinho, a Síria registrou 14 pessoas feridas pela explosão de pagers usados pelo Hezbollah, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização com sede no Reino Unido.
Conflito regional
O jornal The New York Times disse que os dispositivos vieram de Taiwan e foram carregados com explosivos antes de chegar ao Líbano. No entanto, o chefe da empresa taiwanesa Gold Apollo, apontada pelo jornal como fabricante, negou qualquer relação.
— Não são nossos produtos — disse Hsu Ching-kuang à imprensa em Taipei.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, "não estavam envolvidos" nem "estavam cientes deste incidente", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
A coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, alertou para o risco de uma "escalada extremamente preocupante em um contexto já (...) volátil". Ele também pediu, a todas as partes envolvidas, para que se abstenham de qualquer ação "que possa desencadear uma conflagração mais ampla".
Em meio a esses temores, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, chegou ao Egito nesta quarta-feira (18) para falar sobre uma possibilidade de trégua em Gaza, embora fontes próximas não prevejam grandes avanços nesta viagem.
As explosões desta terça-feira (17) ocorreram horas depois de Israel anunciar que estendeu, à sua fronteira com o Líbano, os objetivos da guerra, até agora focada contra o Hamas, na Faixa de Gaza.
Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada em 7 de outubro de 2023, a fronteira com o Líbano tornou-se palco de duelos de artilharia quase diários entre o exército israelense e o Hezbollah, que forçaram milhares de civis dos dois países a se deslocar.