O fundador e CEO do aplicativo de mensagens Telegram, Pavel Durov, foi preso no último sábado (24), na França, quando retornava ao país após uma viagem ao Azerbaijão. De acordo com a polícia francesa, uma investigação contra ele apura supostas atividades criminosas no aplicativo devido à falta de moderação.
O bilionário de 39 anos nasceu na Rússia e possui uma fortuna, estimada pela revista Forbes, de US$ 15,5 bilhões — o equivalente a aproximadamente R$ 85 bilhões.
O Telegram foi criado por ele e seu irmão, Nikolai Durov, em 2013. Em entrevistas, Pavel disse que a ideia do aplicativo surgiu em 2011, quando as forças especiais russas tentaram invadir a casa da família. Ele conta ter percebido que não havia uma maneira segura de se comunicar com o irmão e, por isso, decidiu criar a plataforma.
A dupla também é fundadora de outra rede social, a "VKontakte" ou "VK", considera a maior da Rússia e um dos sites mais acessados no mundo, sendo chamada de "Facebook russo".
Em 2014, Durov deixou o país após se recusar a cumprir as exigências do governo de fechar comunidades de oposição na VK, que ele vendeu. Ele foi naturalizado francês em 2021.
Hoje, a sede do Telegram fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O aplicativo tem 900 milhões de usuários ativos e pretende atingir um bilhão dentro de um ano.
Mais de cem "filhos"
Durov, que é doador de esperma, revelou recentemente em seu canal oficial do Telegram, que tem mais de cem filhos biológicos em 12 países diferentes.
Ele contou que a ideia das doações surgiu quando um amigo o procurou, dizendo que ele e a esposa tinham um problema de fertilidade.
— Quando fui atrás de mais informações, o chefe da clínica me disse que "material de doador de alta qualidade" estava em falta e que era meu dever cívico doar mais esperma para ajudar anonimamente mais casais. Isso soou louco o suficiente para eu me fazer inscrever — disse.
O empresário disse ainda que planeja tornar seu DNA "em código aberto" para que seus "filhos" possam se conhecer futuramente.
A prisão na França
Pavel Durov foi preso ao desembarcar de seu jato particular no aeroporto de Le Bourget, após chegar do Azerbaijão. Os veículos de comunicação franceses informam que a prisão ocorreu devido a um mandado de busca emitido em razão de uma investigação preliminar.
A Justiça alega que a falta de moderação e a ausência de colaboração com as autoridades sobre as funcionalidades do Telegram fazem de Durov um cúmplice em crimes como tráfico de drogas, abusos contra menores e fraudes.
O que diz o Telegram
Em um comunicado divulgado no domingo (25), o aplicativo afirmou que Durov não tem nada a esconder e que é absurdo responsabilizar um proprietário pelo abuso da plataforma.
"O Telegram cumpre as leis da UE, incluindo o Ato de Serviços Digitais — sua moderação está dentro dos padrões da indústria e está constantemente melhorando", disse a nota divulgada no app.
"O CEO do Telegram, Pavel Durov, não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa. É absurdo afirmar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis pelo abuso dessa plataforma. Estamos aguardando uma resolução rápida desta situação."