O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu nesta segunda-feira (26) que a prisão na França do fundador do serviço de mensagem instantânea Telegram, Pavel Durov, "não é uma decisão política".
Durov foi preso ao desembarcar de seu jato particular no aeroporto de Le Bourget, após chegar do Azerbaijão. Os veículos de comunicação franceses informam que a prisão de Durov ocorreu devido a um mandado de busca emitido em razão de uma investigação preliminar.
"A prisão do presidente do Telegram em território francês ocorreu no marco de uma investigação judicial em curso. Não é uma decisão política. Cabe aos juízes determiná-la", escreveu Macron na rede social X.
A Justiça alega que a falta de moderação e a ausência de colaboração com as autoridades sobre as funcionalidades do Telegram fazem de Durov um cúmplice em crimes como tráfico de drogas, abusos contra menores e fraudes.
O juiz encarregado da investigação prorrogou na noite de domingo sua prisão preventiva, que pode durar no máximo 96 horas, segundo uma fonte próxima ao caso.
A agência francesa de prevenção à violência contra menores, a OFMIN, havia pedido a prisão de Durov em uma investigação preliminar sobre vários crimes, incluindo fraude, tráfico de drogas, assédio cibernético, crime organizado e promoção do terrorismo, indicou outra fonte próxima.
Durov é suspeito de não tomar ações para impedir o uso da plataforma Telegram com fins criminais.
Macron criticou as "informações falsas sobre a prisão de Pavel Durov na França" e garantiu que seu país "observa a liberdade de expressão e de comunicação".
Sobre o aplicativo
O Telegram foi criado em 2013 pelos irmãos russos Pavel e Nikolai Durov, com sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, apesar de seus fundadores serem russos.
O aplicativo conta com servidores em várias regiões do mundo e oferece criptografia das mensagens, um processo que codifica as informações para impedir que sejam lidas por terceiros, exceto pelo destinatário. Além disso, o Telegram oferece conversas secretas que podem ser programadas para se autodestruir após um determinado período.
Em entrevistas, Pavel Durov revelou que a ideia para o aplicativo surgiu em 2011, quando forças especiais russas tentaram invadir sua residência, e ele percebeu a necessidade de uma forma segura de comunicação com seu irmão, o que levou à criação do Telegram.
Antes do Telegram, em 2006, os irmãos Durov fundaram a rede social "VKontakte" ou "VK", que se tornou a maior da Rússia e um dos sites mais visitados globalmente, muitas vezes referida como o "Facebook russo".