Milhares de pessoas lotaram as ruas de Calcutá na madrugada desta quinta-feira (15) para protestar contra o estupro e assassinato de uma médica e para exigir o fim da violência contra as mulheres, um problema crônico na sociedade indiana.
A descoberta do corpo da médica de 31 anos no hospital público em que ela trabalhava provocou protestos em todo o país, que registrou em 2022 a média de 90 estupros por dia.
Segundo o canal indiano NDTV, a autópsia confirmou a agressão sexual e, em uma petição ao tribunal que investiga o caso, os pais da vítima apontam a suspeita de um crime em grupo.
Na cidade de Calcutá, uma multidão se reuniu em uma vigília com velas para denunciar o assassinato. Os cartazes dos manifestantes exibiam mensagens como "Queremos justiça" e "Enforquem o estuprador, salvem as mulheres".
"As atrocidades contra as mulheres não param", disse uma das participantes, Monalisa Guha, ao jornal local The Telegraph.
O escândalo também afetou as celebrações nesta quinta-feira do Dia da Independência da Índia em Nova Délhi, onde o primeiro-ministro Narendra Modi, sem citar diretamente o caso de Calcutá, expressou sua "dor" pela violência contra as mulheres.
"Os crimes contra as mulheres devem ser investigadas rapidamente. O comportamento monstruoso contra as mulheres deve ser punido rápida e severamente", disse Narendra Modi.
O assassinato em Calcutá gerou mobilizações em vários hospitais públicos, onde os funcionários suspenderam os atendimentos não emergenciais por tempo indeterminado.
A polícia anunciou a detenção de apenas um homem que trabalha no hospital e o caso está sob responsabilidade do Escritório Central de Investigações, a força de elite do país.
O ataque e a resposta social recordam um estupro em grupo contra uma jovem em um ônibus de Nova Délhi em 2012 que virou um símbolo do fracasso do país no combate à violência contra as mulheres.
O caso desencadeou protestos em toda Índia, alguns violentos, e levou o governo a aprovar medidas para punições mais severas para os estupradores e a pena de morte para os reincidentes.
* AFP