O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta quinta-feira (15) que sejam realizadas "novas eleições livres" na Venezuela, uma sugestão que já havia sido feita mais cedo por Luiz Inácio Lula da Silva, diante dos questionados resultados eleitorais que declararam Nicolás Maduro reeleito.
O governante colombiano de esquerda, aliado de Maduro na região, fez uma lista de sugestões para resolver a crise política na Venezuela, em meio às denúncias de fraude por parte da oposição.
Entre suas propostas, mencionou "novas eleições livres", "levantamento de todas as sanções" econômicas e "garantias totais para a ação política".
Lula também sugeriu ao chavismo organizar novas eleições presidenciais.
Maduro "poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar um programa de eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos (...) e deixar que entre, sabe, olheiros do mundo inteiro para ver as eleições", disse o presidente brasileiro em entrevista à "Rádio T", do Paraná.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, considerou as propostas como "uma falta de respeito".
"Propor ignorar o que ocorreu no dia 28 de julho para mim é uma falta de respeito aos venezuelanos que deram tudo (...) a soberania popular deve ser respeitada", disse Machado em uma coletiva virtual com meios de comunicação chilenos e argentinos.
"As eleições ocorreram e a sociedade venezuelana se expressou em condições muito adversas, onde houve fraude e, mesmo assim, conseguimos vencer."
A oposição venezuelana divulgou há vários dias cópias de atas eleitorais que mostram seu candidato, Edmundo González Urrutia, como vencedor com 67% dos votos, em comparação com 30% para Maduro.
Por outro lado, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que a oposição considera alinhado ao governo, Maduro venceu com 52% dos votos, em comparação com 43% do candidato opositor. O CNE ainda não divulgou as atas de votação.
Outras sugestões de Petro incluem uma "anistia geral nacional e internacional" e a criação de um modelo de alternância de poder entre Maduro e a oposição, semelhante à "Frente Nacional", um acordo entre partidos que pôs fim a um período de violência na política colombiana durante o século XX.
A crise pós-eleições na Venezuela desencadeou protestos que resultaram em 25 mortos e mais de 2.400 detidos.
"Depende de Nicolás Maduro uma solução política para a Venezuela que traga paz e prosperidade para seu povo", acrescentou Petro.
Nos dias seguintes às eleições, vários países insistiram que o CNE deve divulgar as atas eleitorais para esclarecer as dúvidas sobre a transparência da apuração.
* AFP