A União Europeia (UE) e a Sérvia assinaram nesta sexta-feira (19) um acordo para impulsionar o fornecimento de baterias de lítio, um metal crucial na transição energética do bloco.
O pacto foi firmado apenas uma semana após a Sérvia voltar a aprovar um projeto de extração de lítio, que estava paralisado há dois anos após grandes protestos.
Estavam presentes no ato para selar o acordo, em Belgrado, o chefe de governo alemão, o chanceler Olaf Scholz, e o vice-presidente da Comissão Europeia, braço executivo da UE, Maros Sefcovic.
"Scholz ofereceu o apoio da Alemanha para que a Sérvia desenvolva uma melhor cadeia de valor para a produção de lítio", indicou o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, antes da assinatura.
O projeto, acrescentou Vucic, "nos trará bilhões em investimentos e um progresso incrível para todo o país, especialmente para a Sérvia ocidental".
Scholz celebrou o acordo que, segundo ele, contribuirá para que a Europa seja "soberana em um mundo em mutação" e "não dependa dos outros".
Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt antes da cúpula de Belgrado, Vucic declarou que estavam sendo mantidas negociações com vários fabricantes de automóveis europeus, entre eles Mercedes, Volkswagen e Stellantis.
O presidente garantiu que, por enquanto, as exportações de lítio do país só seriam vendidas aos parceiros europeus, apesar do interesse dos fabricantes chineses. "Prometemos isso aos representantes da UE", disse nesta sexta-feira.
"Mantemos relações excelentes com os chineses, e isso não tem nada a ver com este projeto", acrescentou o chefe de Estado da Sérvia, que aspira a fazer parte da UE.
- Transição energética -
O lítio, do qual Austrália, Chile, China e Argentina são os principais produtores, é um metal indispensável para montar baterias de veículos elétricos e para a transição energética, especialmente no setor automotivo.
A indústria automotiva europeia está investindo abundantemente nessa transição, já que os veículos de combustão deixarão de ser vendidos no bloco a partir de 2035.
Por outro lado, o mercado de baterias é hoje dominado pelos produtores chineses, dos quais Bruxelas e Berlim querem reduzir sua dependência.
A Sérvia possui vastos depósitos de lítio perto da cidade de Loznica, no oeste do país. Mas o futuro desses depósitos tem sido motivo de disputas nos últimos anos, sobretudo por seu possível impacto ambiental em uma região agrícola.
Uma controversa exploração mineradora do grupo anglo-australiano Rio Tinto desencadeou enormes protestos neste país balcânico.
Segundo a empresa, as reservas de lítio de Jadar, descobertas em 2004 e uma das maiores da Europa, poderiam produzir até 58.000 toneladas de carbonato de lítio por ano, suficientes para 1,1 milhão de veículos elétricos.
Após as manifestações de 2022, o governo havia suspendido o projeto de extração do precioso mineral. Porém, o Tribunal Constitucional determinou em 11 de julho que a decisão das autoridades não era "compatível com a Carta Magna".
Após a decisão judicial, o governo deu luz verde na terça-feira para a retomada do projeto do grupo Rio Tinto.
* AFP