O governo do Peru reconheceu nesta terça-feira (30) o opositor Edmundo González Urrutia como "legítimo" presidente eleito da Venezuela após as eleições de domingo (28), não reconhecendo a decisão da autoridade eleitoral venezuelana de declarar Nicolás Maduro vencedor.
— O senhor (Edmundo) González é o presidente eleito e legítimo da Venezuela — informou o ministro das Relações Exteriores peruano, Javier Gonzáles-Olaechea, à emissora estatal de televisão TV Perú Noticias.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, de viés governista, concedeu a vitória do pleito de domingo ao presidente Maduro, para um terceiro mandato de seis anos, um resultado que a oposição denuncia como "fraude" e que foi rejeitado por parte da comunidade internacional.
— É evidente que a vontade de fraude existe (por parte do governo venezuelano). O senhor (Edmundo) González é o presidente eleito da Venezuela, essa é a posição do governo peruano e a de muitos organismos internacionais —acrescentou Gonzáles-Olaechea à rádio RPP.
O chanceler anunciou que as autoridades peruanas não descartam considerar o regime de Maduro como um governo "de fato", que não é reconhecido oficialmente, a partir de janeiro de 2025, data em que termina o segundo mandato do governante venezuelano.
— Até que termine o seu mandato, (Maduro) é um presidente. Ao final do mandato, se converteria em um governo "de facto" — assinalou o ministro.
O Ministério das Relações Exteriores peruano ordenou aos funcionários diplomáticos venezuelanos que deixem o país "em um prazo de até 72 horas" diante "das graves e arbitrárias decisões tomadas hoje pelo regime venezuelano".
Essa decisão foi anunciada depois que o governo de Maduro decretou a retirada de suas missões diplomáticas em Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, e exigiu a mesma ação desses países por não reconhecerem o triunfo da situação.
Em um comunicado conjunto, esses sete países latino-americanos, junto com Equador e Paraguai, consideraram "indispensável" a existência de "garantias de que os resultados eleitorais vão respeitar plenamente a vontade popular".
Pelo menos 12 pessoas, entre elas dois menores de idade, morreram na Venezuela e centenas ficaram feridos desde que os primeiros protestos eclodiram na segunda-feira (29) para reivindicar a vitória de González Urrutia, segundo a ONG venezuelana Foro Penal.