O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) fez um alerta na segunda-feira (29) para que brasileiros que estejam na Venezuela ou tenham viagens programadas ao país evitem aglomerações e permaneçam cientes dos riscos. Após a reeleição de Nicolás Maduro, questionada pela comunidade internacional, protestos eclodiram em Caracas e em outras regiões do país.
Conforme as recomendações do Itamaraty, os brasileiros devem se manter atualizados sobre a segurança nas áreas onde se encontram por meio de páginas oficiais.
"O Itamaraty recomenda evitar aglomerações e estar ciente dos riscos presentes em determinadas regiões", diz a nota.
O dia após às eleições presidenciais foi marcado por manifestações em várias regiões da capital Caracas e outras cidades do interior do país. Manifestantes protestaram contra a reeleição de Maduro — cuja credibilidade do processo eleitoral é questionada por dezenas de países —, pedindo por transparência na contagem e acusando o governo regente de fraudar o processo.
A Guarda Nacional militarizada dispersou várias mobilizações com gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Também foram ouvidos disparos em alguns bairros. A ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos, afirmou que houve uma morte no Estado de Yaracuy.
O Itamaraty afirmou que a Embaixada do Brasil em Caracas está monitorando a situação e oferece suporte consular em casos de emergência pelo plantão consular da Embaixada pelo número 58 414-3723337, que também está disponível no WhatsApp.
"A orientação é que todos os cidadãos brasileiros permaneçam vigilantes e busquem as informações mais recentes para garantir sua segurança enquanto estiverem na Venezuela", diz a pasta.
Descontentamento
Ao longo do dia, símbolos relacionados ao chavismo, como outdoor com o rosto de Maduro e estátuas de Hugo Chávez, foram destruídos por manifestantes. Panelas também foram levadas às ruas para um "panelaço" e passeatas massivas foram registradas.
A oposição não reconheceu os resultados do CNE, mas não convocou protestos para segunda-feira. Mesmo assim, milhares de pessoas manifestaram seu descontentamento desde as primeiras horas do dia.
Em paralelo, Maduro denunciou uma tentativa de "golpe de Estado" contra seu governo.
— Estão ensaiando os primeiros passos fracassados para desestabilizar a Venezuela e para impor novamente um manto de agressões e danos — disse.
Novos protestos pacíficos foram convocados para esta terça-feira (30) pela líder da oposição, María Corina Machado. Maduro, por sua vez, também mobilizou sua militância, o que aumenta o risco de enfrentamento. Em um discurso na sede presidencial, o presidente venezuelano pediu pela "máxima mobilização cívico-militar-policial para defender a paz" e instou uma vigília contra o que chamou de insurreição e golpe de estado.
A oposição denuncia uma fraude e disse ter "como provar a verdade" de que a eleição foi vencida por Edmundo González Uruttia no domingo. Machado explicou que, após ter acesso a cópias de 73% das atas da apuração, a projeção é de uma vitória da oposição com 6,27 milhões de votos, contra 2,75 milhões para Maduro.