Israel realizou, nesta terça-feira (30), um bombardeio "seletivo" em um subúrbio de Beirute, no Líbano, contra um comandante do Hezbollah, que considera "responsável" pela morte de 12 jovens na região das Colinas de Golã, anexada pelo Estado israelense.
"As IDF (sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel) realizaram um ataque seletivo em Beirute contra o comandante responsável pelo assassinato de crianças em Majdal Shams e muitos outros civis israelenses", indicou o exército israelense em comunicado.
A força armada, mais tarde, divulgou outra manifestação em que confirma a morte deste comandante, identificado como Fuad Shukr. Mais cedo, uma fonte próxima ao Hezbollah havia divulgado que Shukr estava vivo.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou uma "flagrante agressão" e um "ato criminoso", e pediu que a comunidade internacional faça "pressão para obrigar Israel a deter sua agressão e suas ameaças e a aplicar as resoluções internacionais".
O Irã, que apoia o Hezbollah, criticou o que classificou de "ação implacável e criminosa".
A Rússia, por sua vez, considerou que essa operação constitui "uma grave violação do direito internacional".
Israel e Estados Unidos acusaram o Hezbollah do bombardeio de sábado na cidade drusa de Majdal Shams, no planalto sírio das Colinas de Golã anexadas por Israel.
O grupo libanês, aliado do movimento islamista palestino Hamas, negou seu envolvimento nesse ataque.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu na segunda-feira uma dura resposta à agressão, que aumentou os temores de que a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza se estenda para o Líbano e a região.
A vingança "proibida"
— Estas crianças são nossos filhos. (...) O Estado de Israel não vai e não pode deixar que isso aconteça. Nossa resposta virá e será dura — advertiu Netanyahu.
Os líderes drusos da cidade indicaram, no entanto, que rejeitavam qualquer resposta, devido à doutrina que rege sua comunidade, cuja religião vem do islã.
— A tragédia é imensa — afirmaram. Mas, uma vez que a doutrina drusa "proíbe o assassinato e a vingança em qualquer forma, rejeitamos o derramamento de sangue sob o pretexto de vingar os nossos filhos", acrescentaram.
Desde que a guerra começou em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, os enfrentamentos entre o Exército israelense e o Hezbollah na fronteira entre Israel e Líbano são quase diários.
Um civil israelense morreu nesta terça pela queda de um foguete no norte do país, informaram os serviços de resgate, e o Exército afirmou que respondeu a uma série de projéteis lançados do Líbano.
Anteriormente, o Exército israelense havia assinalado que, durante a noite, atingiu "uma dezena de alvos terroristas do Hezbollah", incluindo um depósito de armas e várias infraestruturas, em sete regiões do sul do Líbano, e que tinha matado um integrante do movimento armado.
Em resposta, Hezbollah anunciou ter bombardeado um quartel de Beit Hilel, no norte de Israel, com foguetes katyusha e drones explosivos.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou nesta terça-feira "preocupação com a crescente ameaça de conflito generalizado em toda a região" e "pediu veementemente a todas as partes e à comunidade internacional que trabalhem urgentemente para reduzir as tensões".
Várias companhias aéreas, incluindo a Air France e a alemã Lufthansa, suspenderam seus voos para Beirute.
Retirada de Khan Yunis
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense continuou com sua campanha de bombardeios contra o Hamas, que Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram uma organização terrorista.
As localidades de Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa, bem como o campo de deslocados de Al Bureij, no centro, e a Cidade de Gaza, no norte, foram alvos de bombardeios aéreos e disparos de artilharia.
Desde 22 de julho, as forças israelenses realizam uma operação na área de Khan Yunis, que até agora deixou cerca de 300 mortos, segundo a defesa civil de Gaza.
A guerra em Gaza começou quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense estima que 111 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou pelo menos 39.400 pessoas em Gaza, também civis na maioria, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.