Minutos depois de anunciar que não vai mais concorrer à reeleição à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden indicou o nome da vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, para o lugar dele na disputa pelo Partido Democrata. O anúncio foi feito por meio de comunicado nas redes sociais na tarde deste domingo (21).
No texto, Biden afirma que dará todo suporte a Kamala, e que é hora de derrotar o também candidato Donald Trump, principal opositor na disputa.
Quem é Kamala Harris
A vice-presidente dos EUA é filha de imigrantes da Jamaica e da Índia. Depois de dois mandatos como promotora de San Francisco (2004-2011), foi eleita duas vezes promotora da Califórnia (2011-2017), tornando-se a primeira mulher, mas também a primeira pessoa negra, a chefiar os serviços jurídicos do Estado mais populoso e rico do país.
Em seguida, em janeiro de 2017, foi empossada no Senado em Washington, tornando-se a primeira mulher com raízes no sul da Ásia a chegar à Câmara alta na história dos Estados Unidos, e a segunda mulher negra no Senado americano.
Harris cresceu em Oakland, na Califórnia progressista dos anos 1960, orgulhosa da luta pelos direitos civis de seus pais.
Ela conhece bem Biden e era próxima do filho dele, Beau Biden, que morreu de câncer em 2015. Essa proximidade, no entanto, não a deixou de fora de brigas. Foi bastante crítica ao pré-candidato no primeiro debate democrata, em 2019, questionando suas posições sobre políticas para acabar com a segregação racial na década de 1970.
Na ocasião, contou emocionada que, quando era menina, viajava em um dos ônibus que levavam estudantes negros a bairros brancos. Por algumas semanas, chegou a ser apontada como uma das favoritas para liderar a chapa presidencial democrata em 2020, mas em seguida sua candidatura recuou.
Depois de abandonar as primárias, em dezembro, ela declarou apoio a Biden, em março de 2020.
Em 2 de julho, uma pesquisa divulgada pela CNN mostrou que Harris está em melhor posição do que Joe Biden, mas não venceria o republicano Donald Trump. Ela receberia 45% das intenções de voto contra os 47% do ex-presidente republicano de 78 anos.
O presidente Biden receberia apenas 43% contra os 49% de seu antecessor, o mesmo percentual de outra pesquisa publicada nesta quarta-feira pelo New York Times/Siena College.
Idas e vindas
No dia 17 de julho, Biden disse que poderia reavaliar sua candidatura à Casa Branca se "alguma condição médica emergir, médicos dizendo você tem este e aquele problema" de saúde, sem dar mais detalhes, em entrevista exclusiva ao canal BET News.
Ele complementou o comentário desta forma: "Cometi um grave erro em todo o debate (com Donald Trump)". Poucas horas depois Joe Biden testou positivo para covid-19 em Las Vegas, onde estava cumprindo uma agenda eleitoral.
Porém, no sábado (20), após o discurso em comício de campanha do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, o atual presidente e candidato à reeleição pelo partido democrata, Joe Biden, ironizou as falas do adversário na rede social X (antigo Twitter).
"É um milagre, pessoal. Donald Trump disse a verdade pela primeira vez", pontuou, ao se referir à fala de Trump de que esta será a eleição "mais importante da história". "É a eleição mais importante de nossas vidas. E eu vou vencê-la", completou Biden.
Pressão pela desistência
Havia um amplo esforço de Biden de melhorar sua popularidade, após sua questionável participação no primeiro debate da campanha contra Trump, ocorrido há quase um mês, quando o presidente mostrou dificuldades para se expressar e parecia confuso e cansado em alguns momentos.
Vários deputados e um senador do seu partido já pediram em público que Biden deixe a disputa e permita que um novo candidato democrata enfrente Trump em novembro. Depois do debate com o republicano, Biden já concedeu entrevistas para as redes ABC e NBC e uma entrevista coletiva na semana passada.
Apesar das pesquisas mostrarem desvantagem em relação ao republicano, Biden estava ignorando as críticas e os pedidos para desistir da corrida por um segundo mandato na Casa Branca.
Quase dois terços de seu próprio partido querem que o presidente se afaste, de acordo com uma recente pesquisa da Associated Press e do Centro de Pesquisa NORC.