A União Europeia (UE) iniciou formalmente as negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia nesta terça-feira (25), no início de um longo e complicado caminho para a adesão, que poderá durar anos.
O objetivo da abertura das negociações com a Ucrânia é enviar uma mensagem de apoio ao país depois de mais de dois anos de guerra desde que a Rússia invadiu o território ucraniano, em fevereiro de 2022.
"Amigos, o dia de hoje (terça-feira) marca o início de um novo capítulo nas relações entre Ucrânia e UE", expressou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal, por meio de videoconferência.
Pouco antes, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou nesta terça na rede X que "nunca nos desviaremos do nosso caminho para uma Europa unida, para a nossa casa comum de todas as nações europeias".
A presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou que "o nosso futuro está na família europeia. Estamos juntos a favor de um futuro pacífico e próspero", acrescentou.
- Caminho cheio de "desafios" -
Nesta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, afirmou que o início das negociações foi uma "boa notícia para ucranianos e moldavos, e para toda a União Europeia".
"O caminho será cheio de desafios, mas repleto de oportunidades", acrescentou.
Em um comunicado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, indicou que o início das negociações "é prova do imenso progresso que ambas as nações alcançaram em seu caminho para a integração europeia, apesar dos imensos desafios que enfrentaram e enfrentam".
Nesta terça-feira em Luxemburgo, a UE realizou a sua primeira rodada de negociações com a Ucrânia e depois iniciou formalmente as negociações com a delegação da Moldávia.
O processo de adesão leva vários anos de negociações complexas entre os países aspirantes e as instituições da UE em Bruxelas, um processo que pode levar até uma década.
A Turquia iniciou conversações formais de adesão em 2005 e a situação continua em um impasse. A Albânia foi reconhecida como país candidato em 2003 e iniciou negociações formais em 2009, que ainda não foram concluídas. Montenegro, Sérvia, Bósnia e Macedônia do Norte também aguardam na fila, com uma impaciência crescente.
Sendo assim, o ritmo das negociações será marcado não só pelas ações da Rússia, mas também pela relutância dos próprios países da UE, como a Hungria.
Até agora, a Ucrânia recebeu elogios pela implementação de uma série de reformas para conter a corrupção e a interferência política, mas não recebeu promessas mais específicas.
- Processo lento e complexo -
A guerra na Ucrânia revigorou o esforço da UE para trazer novos membros, depois de anos em que os países, especialmente nos Bálcãs Ocidentais, fizeram poucos progressos nas suas expectativas de adesão.
As reuniões da UE desta terça-feira com Ucrânia e Moldávia darão início a um processo que avaliará até que ponto as leis desses dois países já cumprem as normas da UE e quanto trabalho ainda há a fazer.
Após a primeira etapa, a UE deve começar a estabelecer as condições para negociações sobre 35 temas, que vão desde o sistema fiscal à política ambiental.
Contudo, não parece muito provável que este diálogo avance pelo menos este ano.
A Hungria assumirá a presidência rotativa de seis meses do Conselho da UE em 1º de julho e já anunciou que o diálogo com a Ucrânia não faz parte das prioridades do seu mandato.
As negociações desta terça-feira ocorrerão em um momento particularmente delicado para a Moldávia, com advertências dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Canadá sobre uma conspiração russa para influenciar as eleições presidenciais de outubro.
* AFP