Sob um calor escaldante, fiéis reuniram-se neste sábado(15) no Monte Arafat, na Arábia Saudita, onde muçulmanos participam desta etapa fundamental da peregrinação anual do hajj.
Vestidos de branco, muitos chegaram ao amanhecer na colina de 70 metros de altura, perto de Meca, onde, segundo a tradição, o profeta Maomé fez seu último sermão.
"É o dia mais importante", diz Mohamed Asser, um peregrino egípcio de 46 anos, que afirma carregar uma lista de pessoas que pediram para rezar por elas. "Rezo também pelos palestinos. Que Deus os ajude", acrescentou.
A grande peregrinação muçulmana, um dos cinco pilares do Islã, acontece este ano à sombra da guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas, na Faixa de Gaza.
O ministro saudita do Hajj, Tawfiq al-Rabiah, advertiu, na semana passada, que não seriam tolerados lemas políticos, o que não foi obstáculo para um dos presentes que gritou seu apoio aos palestinos de Gaza, pressionados há oito meses pelo Exército israelense.
"Rezem por nossos irmãos na Palestina, em Gaza. Que Deus conceda a vitória aos muçulmanos", gritou o homem.
Cerca de 2000 palestinos, metade desses familiares de vítimas de Gaza, foram convidados pelo rei Salman para a peregrinação anual, que ocorre durante vários dias em Meca, a cidade mais sagrada do Islã, e seus arredores.
- O calor como obstáculo -
Depois de passarem a noite acampados em Mina, perto de Meca, os peregrinos devem enfrentar o sol ardente do verão saudita no Monte Arafat, com temperaturas que devem atingir os 43 graus Celsius.
Como os chapéus são proibidos para os homens durante os rituais, muitos levam guarda-chuvas, enquanto outros tentam se refrescar nas poucas áreas de sombra existentes no local, ou aproveitando os aspersores gigantes.
No hajj do ano passado, houve mais de 10.000 casos de doenças relacionadas ao calor, sendo 10% graves, segundo uma autoridade saudita.
A grande peregrinação do hajj é um dos cinco pilares do Islã que todos muçulmanos devem cumprir pelo menos uma vez na vida, se tiverem meios para realizá-la. Os vistos para Meca são concedidos pela Arábia Saudita, por conta de um sistema de cotas por país.
Nuria Abdu, uma líbia que esperava há quatro anos para realizar o trajeto, expressou sua emoção. "É tão difícil chegar aqui", afirma.
No pôr do sol, os fiéis vão a Muzdalifah, nos arredores de Meca, onde dormem ao relento e recolhem pedras no domingo para o apedrejamento simbólico de Satã.
No domingo, celebrarão também o Eid al-Adha, a Festa do Sacrifício, celebrada por muçulmanos em todo o mundo.
* AFP