O Conselho de Segurança da ONU se reunirá em caráter de urgência neste domingo, a pedido de Israel, um dia depois de o Irã disparar mais de 200 drones e mísseis contra o território israelense em resposta a um ataque a seu consulado na Síria. A reunião deve acontecer às 16h em Nova York, 17h em Brasília. A presidência do Conselho é ocupada por Malta,
O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, pediu uma reunião "imediata para condenar de forma inequívoca o Irã por esta grave violação" e pediu ao Conselho "que aja para designar como organização terrorista" a Guarda Revolucionária, exército ideológico iraniano.
"É hora de o Conselho de Segurança tomar medidas concretas contra a ameaça iraniana", acrescentou, expressando "indignação" por um ataque de magnitude "sem precedentes", que representa "uma escalada grave e perigosa".
Os ataques
O Irã atacou Israel com mais de cem mísseis e drones neste sábado (13), segundo confirmaram os dois países. O espaço aéreo de Israel está fechado desde as 18h30 (de Brasília). As Forças de Defesa de Israel pediram que residentes das Colinas de Golã, Nabatim, Dimona e Eilat busquem abrigo em áreas protegidas, em meio a múltiplos ataques do Irã e do Hezbollah. Os ataques começaram a ser interceptados a partir das 20h deste sábado, horário de Brasília.
"Dezenas de lançamentos de mísseis terra-superfície do Irã foram identificados aproximando-se do território Israelense. O Sistema de Defesa Aérea das FDI interceptou com sucesso a maioria dos lançamentos (...), juntamente com os aliados estratégicos de Israel, antes que cruzassem o território israelense. Foi identificado um pequeno número de ataques, inclusive em uma base das FDI no sul de Israel, onde foram causados pequenos danos à infraestrutura", disseram as forças armadas israelenses no final da noite deste sábado.
A agência de notícias estatal iraniana IRNA afirma que a base aérea de Nevatim, no deserto de Negev, foi atingida por mísseis balísticos iranianos. As Forças de Defesa de Israel não confirmam que o ataque atingiu algum alvo. Ainda segundo a agência estatal iraniana, a cidade de Arad, a oeste de Beer-Sheba, também foi atingida.
Em um comunicado nas redes sociais, a missão permanente da república islâmica na Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que "o assunto pode ser considerado concluído", e que foi uma resposta ao ataque que matou oficiais da Guarda Revolucionária iraniana em Damasco.
"Caso o regime israelita cometa outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime israelita desonesto, do qual os EUA DEVEM FICAR LONGE!", declarou a postagem.
Repercussão internacional
Em nota enviada à imprensa no final da noite deste sábado (13), o governo brasileiro expressou "grave preocupação" com os ataques.
"Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã. O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", afirma a nota assinada pelo Ministério das Relações Exteriores.
O Itamaraty também recomendou que "não sejam realizadas viagens não essenciais à região e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras".
Após o ataque iraniano a Israel na madrugada deste domingo, horário local, algumas nações já se manifestaram em apoio a Israel e condenando a ofensiva.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou a escalada das tensões militares representada pelo ataque amplo do Irã contra Israel. Guterres se disse "profundamente alarmado" com o risco de um conflito amplo no Oriente Médio e pediu que todos os atores envolvidos exerçam "máxima restrição" para evitar confrontos.
Tenho enfatizado repetidamente que nem a região nem o mundo podem permitir-se outra guerra — ressaltou o secretário-geral da ONU.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou o apoio "inflexível" do país à segurança de Israel contra ameaças do Irã e aliados. O compromisso foi reforçado em publicação no X (antigo Twitter), neste sábado, em que o democrata informa ter discutido o ataque iraniano durante reunião com a equipe de segurança nacional na Casa Branca.
A postagem inclui uma fotografia do encontro, na qual é possível identificar a presença dos secretários de Estado, Antony Blinken, e Defesa, Lloyd Austin, além de outras autoridades.
Na mesma rede social, o alto representante da União Europeia (UE) para relações estrangeiras, Josep Borrell, condenou "veementemente" o ataque do Irã contra Israel. "Essa é uma escalada sem precedente e uma grave ameaça à estabilidade regional", publicou.