A capital do Haiti, Porto Príncipe, retomou nesta terça-feira (5) algumas atividades diárias no setor de transportes e comércios, horas depois de facções que libertaram milhares de detentos de duas prisões terem tentado tomar o aeroporto.
Nas ruas da cidade, paralisadas na segunda-feira em meio à violência desencadeada contra as autoridades no final de semana, é possível ver longas filas em frente a lojas, bancos e postos de gasolina, informou um jornalista da AFP.
Apesar do cessar dos tiroteios na capital, escolas e escritórios da administração pública permanecem fechados e moradores construíram barricadas com pedras e troncos de árvores para se protegerem.
Na tarde de segunda-feira, a polícia e o Exército repeliram um ataque ao Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, perpetrado por facções armadas que controlam áreas inteiras do Haiti.
Um posto policial próximo foi atacado e incendiado por membros de uma das quadrilhas.
Diante da agitação em torno das instalações, companhias aéreas internacionais cancelaram todos os voos para Porto Príncipe.
Desde a última quinta-feira, diversas facções realizaram ataques coordenados em pontos estratégicos, incluindo as duas prisões na capital. O objetivo, segundo elas, é derrubar o controverso primeiro-ministro, Ariel Henry.
No poder desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, Henry deveria ter deixado o cargo em fevereiro, mas se recusa a convocar novas eleições.
Com o atual paradeiro desconhecido, o premiê estava no Quênia quando os conflitos eclodiram, após assinar um acordo para enviar forças policiais ao Haiti, no âmbito de uma missão internacional apoiada por Washington e pela ONU.
O Departamento de Estado americano afirmou na segunda-feira que Henry estava retornando ao Haiti. Mas, segundo a rádio local Télé Métronome, o primeiro-ministro não pôde voltar ao país devido à falta de segurança no aeroporto.
O governo do Haiti decretou no domingo estado de emergência em Porto Príncipe "por um período renovável de 72 horas" e um toque de recolher entre as 18h e 5h locais na segunda, terça e quarta-feira.
Considerado o país mais pobre do continente americano, o Haiti enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato de Moïse.
De acordo com a ONU, 8.400 pessoas foram vítimas da violência das quadrilhas no ano passado, incluindo mortos, feridos e sequestrados, "um aumento de 122% em relação a 2022".
* AFP