Estados Unidos e Reino Unido atacaram os rebeldes houthis do Iêmen novamente, na segunda-feira (22), para tentar dissuadi-los de continuar sua ofensiva contra navios no Mar Vermelho, ao que os insurgentes iemenitas responderam prometendo vingança.
Em um comunicado conjunto, Londres e Washington declararam que lançaram ataques contra "oito alvos houthis no Iêmen, em resposta aos contínuos ataques do grupo ao tráfego internacional e comercial, assim como aos navios de guerra que transitam pelo Mar Vermelho".
Os ataques por volta da meia-noite de segunda para terça-feira (18h de segunda, em Brasília) "foram direcionados especificamente contra um centro de armazenamento subterrâneo dos houthis e contra locais relacionados com as capacidades de vigilância aérea e de mísseis do grupo", segundo o comunicado.
Nesta terça-feira, no parlamento, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que Londres não "hesitará em responder novamente em legítima defesa" às agressões dos houthis.
Desde meados de novembro do ano passado, os rebeldes iemenitas têm atacado o que consideram navios ligados a Israel no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos de Gaza, perturbando o tráfego marítimo e levando Estados Unidos e Reino Unido a realizarem ataques retaliatórios.
Desde então, os houthis declararam que os interesses americanos e britânicos também são alvos legítimos.
"Não ficarão impunes"
Os rebeldes relataram 18 ataques de Washington e Londres contra seu território nas províncias de Sanaa, Hodeida, Taiz e Al Bayda, e prometeram, em uma publicação na rede social X, que essas operações "não ficarão impunes".
As forças militares americanas e britânicas lançaram uma primeira onda de ataques contra o grupo iemenita no início de janeiro. "Esses ataques de precisão visam a interromper e a degradar as capacidades que os houthis têm para ameaçar o comércio mundial e a vida de marinheiros inocentes", detalhou o comunicado conjunto.
— O que fizemos mais uma vez foi enviar a mensagem mais clara possível de que continuaremos a reduzir a capacidade (dos rebeldes) de realizar estes ataques — disse o ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron.
Em um comunicado separado, o Comando Central dos EUA (Centcom) afirmou que os alvos incluíram "sistemas de mísseis e lançadores, sistemas antiaéreos, radares e instalações subterrâneas de armazenamento de armas".
O Irã, patrocinador das atividades dos houthis, que controla parte do Iêmen, incluindo a capital Sanaa, criticou os ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Segundo o ministro das Relações Exteriores do país, Hossein Amir-Abdollahian, citado pela agência oficial de notícias iraniana Irna, essas operações são uma "ameaça à paz e à segurança na região" e "intensificam o alcance da guerra".
Dois meses de ataques
Os houthis reivindicaram na segunda-feira um ataque a um navio militar dos Estados Unidos na costa do Iêmen e disseram estar dispostos a continuar suas ofensivas.
— As forças houthis realizaram uma operação militar dirigida ao navio de carga militar dos Estados Unidos "Ocean Jazz" no Golfo de Áden — afirmou o porta-voz do movimento, Yahya Saree.
Questionado pela AFP, um funcionário da Defesa dos EUA classificou a informação como "falsa".
Além da ação militar, o governo americano está tentando exercer pressão diplomática e financeira sobre os houthis. Na semana passada, por exemplo, voltou a classificá-los como uma entidade "terrorista", após terem retirado essa etiqueta logo depois que o presidente Joe Biden assumiu o cargo.
O Iêmen é apenas uma parte da crescente crise no Oriente Médio relacionada com a guerra em Gaza.A campanha de Israel começou depois que os ataques do Hamas em 7 de outubro.
O aumento das tensões e da violência no Oriente Médio, com a participação de grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, tem avivado o temor de um conflito regional mais amplo.