Cerca de 250 mil pessoas foram às ruas no sábado (20) na Alemanha para denunciar a participação do partido de extrema direita AfD em uma recente reunião com neonazistas e empresários na qual discutiram sobre um projeto de expulsão em massa de imigrantes e "cidadãos não assimilados".
Desde sexta-feira (19) a domingo (21), foram convocados protestos em mais de cem localidades contra o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), segundo nas pesquisas nacionais.
Em Frankfurt, cerca de 35 mil pessoas se reuniram no sábado, sob o lema "Defendam a democracia - Frankfurt contra a AfD", segundo estimativas dos organizadores. Um número semelhante de pessoas se manifestou na cidade de Hannover, mais ao norte, com cartazes que diziam "Fora nazistas".
Também foram registrados atos em Braunschweig, Erfurt e Kassel, e em cidades menores, como vem acontecendo diariamente há uma semana. A emissora estatal de televisão ARD estimou que a participação nacional foi de 250 mil pessoas.
Além de alguns políticos, a Igreja e a Federação Nacional de Futebol fizeram um apelo à manifestação da rejeição à AfD, que entrou no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, em 2017.
Os protestos eclodiram após a organização de jornalismo investigativo Correctiv divulgar, em 10 de janeiro, uma reunião secreta em Potsdam, perto de Berlim, na qual se discutiu um projeto de expulsão em massa de imigrantes, solicitantes de asilo e cidadãos alemães "não assimilados".
Entre os participantes havia membros da AfD, neonazistas e empresários. O evento também contou com a presença de uma figura de destaque do movimento identitário radical, o austríaco Martin Sellner. O partido confirmou a presença dos seus membros na reunião, mas garantiu que não apoia o projeto de "remigração" apresentado por Sellner.
O austríaco apoia a teoria da conspiração da "grande substituição", que afirma que existe uma complô de imigrantes não-brancos para substituir a população branca "nativa" da Europa.
O chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, pediu em comunicado na sexta-feira (19) que "todos" se posicionassem "a favor da coesão, da tolerância" e da "nossa Alemanha democrática".
Friedrich Merz, líder do partido da oposição conservadora CDU, escreveu na rede social X que é "muito encorajador que milhares de pessoas se manifestem pacificamente contra o extremismo de direita".
Entretanto, dois membros de seu partido, pertencentes ao Werteunion, a ala mais conservadora do CDU, também participaram da reunião em Potsdam. O líder deste grupo, Hans-Georg Maassen, anunciou no sábado que deixou a sigla e comunicou a formação de um partido próprio. O grupo, que conta com 4.000 membros, planeja concorrer às eleições regionais em setembro.
Novos protestos ocorrem neste domingo, inclusive em Berlim e Dresden, reduto do partido anti-imigração e antissistema.