O primeiro homem acusado no Canadá de terrorismo por um ataque com motivação de gênero foi condenado à prisão perpétua nesta terça-feira (28) pelo assassinato de uma mulher e por causar ferimentos a outra em Toronto em 2020.
O indivíduo, cuja identidade não foi revelada pois ele tinha apenas 17 anos na época dos crimes (fevereiro de 2020), declarou-se culpado de homicídio e tentativa de homicídio.
No momento de sua prisão, a polícia encontrou um bilhete manuscrito em um de seus bolsos que fazia um chamado à rebelião dos "incels", abreviação em inglês para "celibatários involuntários", um movimento masculinista que promove o ódio às mulheres através das redes.
O acusado, que hoje tem 21 anos, atacou as duas mulheres com uma espécie de espada curta em um salão de massagens, matou a recepcionista Ashley Arzaga e feriu gravemente outra funcionária, que tentou desarmá-lo.
O caso é o primeiro no Canadá, e possivelmente no mundo, em que as autoridades reconheceram a violência de gênero como terrorismo, o que agravaria a pena de um delinquente.
A corte condenou o rapaz a passar o resto de sua vida na cadeia, sem possibilidade de liberdade condicional antes de dez anos.
O acusado "estava motivado pela ideologia 'incel' e tinha a intenção de enviar para a sociedade uma mensagem na qual os 'incels' estariam dispostos a matar e a cometer atos de violência", estimou o juiz Suhail Akhtar, do tribunal superior de Ontário, segundo a imprensa local.
Os "incels" já haviam ocupado as manchetes em abril de 2018, quando Alek Minassian, que disse pertencer a esse movimento, matou dez pessoas - a maioria mulheres - e causou ferimentos em outras 14 ao cometer um ataque com uma caminhonete em Toronto. Ele foi a condenado à prisão perpetua no ano passado, mas não foi acusado de terrorismo.
* AFP