O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou na terça-feira (28) que solicitará nos próximos dias uma "licença" à Assembleia Legislativa para iniciar a campanha eleitoral e disputar a reeleição em fevereiro de 2024.
"Como todos vocês sabem, em aproximadamente três dias vou solicitar uma licença à Assembleia Legislativa para me dedicar à campanha e não vou estar na função de presidente", disse Bukele a seus ministros durante uma reunião transmitida por rádio e televisão.
O presidente afirmou que, na votação de 4 de fevereiro, a população salvadorenha decidirá se ele deve ser reeleito ao lado do vice-presidente Félix Ulloa para um segundo mandato.
Na sua ausência pelos próximos seis meses, Bukele fez um apelo aos ministros para que "juntem as baterias" e trabalhem, depois de alertar que uma avaliação definirá os que devem continuar no governo em um eventual segundo mandato.
"Quero ser lembrado como o presidente que não roubou e que não deixou ninguém roubar, e quem roubou ele colocou na cadeia", disse.
O chefe de Estado pediu ao procurador-geral Rodolfo Delgado, presente na reunião, que investigue todos os ministros.
"Eu quero pedir (ao procurador) em público que todos os que estão aqui sejam investigados, de trás para frente. Imagino que não exista nenhum problema com isto", enfatizou.
Depois de romper o sistema bipartidário de esquerda e direita em 2019, o empresário da geração 'millennial' conta com o apoio de 90% dos cidadãos, segundo pesquisas recentes.
Bukele declarou uma guerra contra as gangues em março de 2022.
Amparadas por um regime de exceção criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, as autoridades prenderam mais de 73.000 supostos membros de gangues, mas quase 7.000 inocentes foram liberados.
Com habilidade para comunicar suas ideias, o presidente de 42 anos quebrou os padrões políticos tradicionais.
O poder de Bukele foi consolidado em 2021, quando o seu partido, Novas Ideias, conquistou a maioria no Congresso, o que lhe permitiu destituir e substituir cinco juízes da Câmara Constitucional da Suprema Corte.
Em setembro de 2021, a Câmara Constitucional decidiu que Bukele poderia disputar a reeleição, o que provocou uma grande polêmica, pois constitucionalistas e opositores consideram a medida "inconstitucional".
* AFP