O Ministério das Relações Exteriores informou neste domingo (8) que a repatriação em Israel e na Palestina com aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) priorizará brasileiros que residem no Brasil, ou seja, cidadãos que estão visitando o Oriente Médio. A Embaixada do Brasil em Tel-Aviv publicou em seu site um formulário para inscrição de interessados na operação de resgate.
"Frente ao recrudescimento da situação securitária em Israel e na Palestina, o Governo brasileiro planeja a repatriação de nacionais que se encontram na região. Os voos da Força Aérea Brasileira destinam-se, prioritariamente, a repatriar brasileiros residentes no Brasil", diz nota divulgada pelo Itamaraty.
O governo recomenda que quem já possui passagem aérea ou tiver condição de comprar o bilhete embarque em voos comerciais disponíveis no aeroporto de Ben-Gurion, em Israel, que continua funcionando.
"Em relação aos brasileiros na Palestina, o Governo busca viabilizar as condições necessárias que permitam a implementação de plano de evacuação dos nacionais que queiram deixar a Faixa de Gaza ou a Cisjordânia", afirma o Itamaraty.
Desaparecidos
O número de brasileiros desaparecidos em Israel após o início do conflito entre o país e o grupo Hamas subiu de dois para três, informaram fontes do governo. Um outro está ferido e foi hospitalizado. No sábado, o Ministério das Relações Exteriores informou que cerca de 14 mil brasileiros moram em Israel e 6 mil na Palestina. A maioria está fora das áreas afetadas pelos ataques.
De acordo com fontes do governo, ao menos 500 brasileiros já entraram em contato com a embaixada do País em Tel-Aviv desde o sábado. Esses contatos podem ser para pedir repatriação, ou seja, retornar ao Brasil, ou para solicitar informações, por exemplo. Ainda não se sabe se todos esses brasileiros estão em Israel ou se houve também contatos de cidadãos que estão em outros países do Oriente Médio.
Seis aviões
O governo usará seis aviões para buscar os brasileiros que estão na região do conflito entre Israel e o Hamas e querem voltar ao País. As primeiras operações de repatriação devem ocorrer entre segunda-feira (9) e terça-feira (10). A lista dos primeiros resgatados deve ser fechada até a segunda-feira pela manhã, de acordo com o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno.
A decisão foi anunciada após uma reunião no Palácio do Itamaraty, em Brasília, da qual participaram, além do comandante da FAB, o ministro da Defesa, José Múcio, a ministra substituta das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim.
— Nós somos quiçá um dos primeiros países a fazer esse tipo de operação lá na região — declarou Damasceno, a jornalistas.
De acordo com ele, o resgate será feito por duas aeronaves KC-30, com capacidade entre 220 e 230 passageiros, duas KC-390, que carregam em torno de 80 pessoas, e duas VC-2, cedidas pela Presidência da República, com capacidade de levar até 40 passageiros.
Uma das aeronaves KC-30 já está em Natal (RN) pronta para decolar ainda neste domingo para Roma. De lá, o avião partirá para Tel-Aviv, em Israel, e para outras localidades do Oriente Médio.
— A ideia é que a aeronave fique na Itália, aguardando as nossas coordenações finais — disse o comandante da FAB.
— Não sabemos ainda se essa primeira decolagem será amanhã ou na terça-feira, dependendo da montagem dessa lista de passageiros que desejam voltar ao Brasil nessa missão de repatriação — emendou.
De acordo com ele, médicos e psicólogos serão enviados para auxiliar no resgate dos brasileiros que estão na região de conflito.
— Estamos com militares da nossa ajudância de ordens junto à Embaixada de Israel e nas demais embaixadas da região também, para que possamos fazer as primeiras levas, trazer os primeiros brasileiros para cá — afirmou. — Em função das demandas nós vamos equacionando esses voos pelo tamanho da aeronave.
As decolagens de Tel-Aviv e de outras localidades do Oriente Médio com brasileiros resgatados devem ocorrer à tarde, pelo horário local. A ideia é que os cidadãos sejam levados até os aeroportos pela manhã, para evitar que façam o deslocamento terrestre de madrugada. Segundo Damasceno, alguns brasileiros também podem voltar em voos comerciais.