O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta quarta-feira (18) a Israel, para expressar solidariedade ao país em guerra com o grupo terrorista Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
Biden desembarcou no país um dia após uma explosão Hospital Al-Ahli, em Gaza, - fundado na década de 1880 por missionários anglicanos - que deixou centenas de mortos e provocou uma troca de acusações entre Israel e as milícias do Hamas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu Biden na pista do aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv. Eles conversaram rapidamente na pista, cercados por guardas, sob medidas de segurança rigorosas para o presidente americano, antes que as comitivas partissem para um hotel em Tel Aviv, onde acontecerão reuniões.
— Os americanos estão de luto com vocês — disse Biden a Netanyahu.
Centenas de policiais e soldados armados estão posicionados nos arredores do hotel, com atiradores nos telhados dos edifícios próximos.
Tel Aviv fica a apenas 65 quilômetros da Faixa de Gaza, que Israel bombardeia sem trégua desde o ataque executado pelos terroristas do Hamas, que governa o pequeno enclave, em 7 de outubro.
Pronunciamento em conferência
Joe Biden apoiou a versão das autoridades israelenses que acusam terroristas do Hamas pelo bombardeio que provocou centenas de mortes na terça-feira (17) em hospital da Faixa de Gaza.
— Eu fiquei profundamente triste e indignado com a explosão de ontem no hospital de Gaza. E com base no que vi, parece que foi feito pelo outro lado, não por vocês — disse ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. — Temos que ter em mente que o Hamas não representa todo o povo palestino e só provocou sofrimento — acrescentou Biden.
— Vamos continuar trabalhando com vocês e nossos sócios na região para evitar mais tragédias com civis inocentes", declarou o presidente americano. Netanyahu destacou que seu país "fará todo o possível— para evitar a morte de civis.
A comunidade internacional condenou de maneira unânime o bombardeio e manifestações foram registradas em Teerã, Amã, Istambul, Túnis e Beirute.
Analistas acreditam que, durante a visita a Israel, o presidente dos Estados Unidos tentará negociar a entrada de ajuda humanitária de emergência em Gaza, onde, segundo o Hamas, pelo menos 3.478 pessoas morreram nos bombardeios israelenses. Os ataques também deixaram 12.065 feridos, segundo a mesma fonte. Não está claro se o número inclui as centenas de vítimas causadas pelo bombardeio de um hospital em Gaza.
O primeiro-ministro israelense afirmou ao presidente americano que o "mundo civilizado" deve unir-se contra o Hamas.
Sanções contra o Hamas
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira sanções contra uma dezena de "membros-chave do Hamas", agentes ou pessoas envolvidas no financiamento do grupo islamita palestino.
— Os Estados Unidos estão tomando medidas rápidas e decisivas para atingir os financiadores e facilitadores do Hamas, após o massacre brutal e injusto de civis israelenses, incluindo crianças — disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Viagens canceladas
Enquanto os dois lados tentam vencer a guerra de narrativas, a notícia da destruição do hospital teve efeitos diplomáticos. O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou luto de três dias e cancelou a reunião marcada para hoje com o presidente dos EUA, em Amã.
Em seguida, a Jordânia cancelou o encontro, que teria a presença do presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e do rei Abdullah, da Jordânia. Os governos egípcio e jordaniano emitiram um comunicado condenando "nos termos mais fortes possíveis" o ataque "bárbaro" ao hospital em Gaza. Irã e Turquia usaram tons parecidos para demonstrar indignação.
Na Arábia Saudita, um conselheiro da família real afirmou que as negociações para normalização das relações com Israel estavam mortas.
Protestos
Protestos eclodiram ontem em diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África. Os mais intensos foram registrados no Líbano, Tunísia, Turquia, Irã e na Cisjordânia. Em sua maioria, os atos se concentraram diante de embaixadas de Israel, EUA e França.
Em Amã, na Jordânia, manifestantes tentaram incendiar a embaixada de Israel. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram uma multidão diante do prédio, cercado por forças de segurança. Segundo o governo jordaniano, o ato foi contido e não houve invasão.
A repercussão, no entanto, não ficou restrita ao Oriente Médio. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o ocorrido no hospital não era "aceitável". "Existem regras nas guerras e não é aceitável atingir um hospital."