Sorridente e amável, Santiago Peña, um economista de direita de 44 anos, assumiu nesta terça-feira (15) como presidente do Paraguai com o desafio de deixar sua marca e tirar de si a imagem de um mero pupilo do ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018).
Peña, o governante mais jovem da era democrática do Paraguai, chegou à presidência sob a forte influência de Cartes, um político veterano de 68 anos que também é um rico empresário do ramo do tabaco, incluído em uma lista de sanções pelos Estados Unidos como "significativamente corrupto".
Alto e de porte atlético, este ex-jogador de rúgbi é considerado um tecnocrata com uma brilhante carreira acadêmica, mas com pouca experiência na política. Ao assumir nesta terça, Peña prometeu trabalhar pela prosperidade de seu país.
— O sucesso é fazer todos os paraguaios estarem melhor e que o mundo seja testemunha do ressurgimento de um gigante — disse.
Peña estudou Economia na Universidade Católica do Paraguai e fez mestrado na Universidade de Columbia (Nova York). Em sua experiência internacional, trabalhou no departamento para a África do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.
Entre 2000 e 2009, foi funcionário do Banco Central (BC). Em 2012, integrou a direção do BC e, em 2014, foi nomeado ministro da Fazenda por Cartes, que o fez se filiar ao Partido Colorado (conservador). A legenda domina a vida política do Paraguai desde o século 19.
Em 2017, perdeu para Mario Abdo Benítez a possibilidade de se candidatar à presidência durante as eleições primárias. Oportunidade que recuperou quatro anos depois.
Para atacá-lo, seus adversários se referem a ele como "secretário de Cartes", o que parece não afetá-lo.
— É alguém muito sereno, impressiona sua tranquilidade — disse à AFP um dos seus colaboradores.
Moral conservadora
Filho do economista José María Peña e da argentina Ana María Palacios, o novo presidente é o mais novo de três irmãos. É casado com Leticia Ocampos, com quem teve seu primeiro filho, Gonzalo, antes de completar os 18 anos. O casal também tem uma filha, Costanza, de 16.
De moral conservadora, é contra o aborto por considerá-lo "um atalho, o (caminho) mais fácil", e também rejeita o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
— Defendo a família em sua composição tradicional: mãe, pai e filhos — disse à AFP.
Recentemente, apoiou o Congresso, que rejeitou uma doação de 38 milhões de euros (cerca de R$ 207 milhões) para um projeto educacional, por utilizar a linguagem inclusiva.
— Não se pode suscitar na criança, desde cedo, que quem quer ser menino se sente menino e quem se sente menina é menina. Não. A rede escolar não pode mudar isso (...) Valorizamos quando alguém vem doar dinheiro, mas o dinheiro não pode condicionar nosso estilo de vida e nossas crenças — disse ele.