O direitista Santiago Peña prometeu combater a corrupção no Paraguai, ao assumir, nesta terça-feira (15), a Presidência do país, diante de dirigentes latino-americanos, do rei Felipe VI, da Espanha, e do vice-presidente de Taiwan, William Lai.
"Tenho a convicção de que os problemas de corrupção se resolvem com uma justiça independente, imparcial e rápida", disse Peña em seu discurso de posse, ao mesmo tempo em que prometeu implementar "uma política clara, contundente, inabalável pró-transparência".
"O sucesso é conseguir que todos os paraguaios estejam melhor e que o mundo seja testemunha do ressurgir de um gigante", acrescentou.
Peña, que aos 44 anos se tornou o chefe de Estado mais jovem da era democrática no Paraguai, é considerado o afilhado político do ex-presidente Horacio Cartes (2013-18), para quem dirigiu palavras de agradecimento "por sua perseverança e paciência para construir consensos".
Atual presidente do governista Partido Colorado (conservador), Cartes é um rico empresário do setor do tabaco, sancionado pelos Estados Unidos como "significativamente corrupto".
Em seu discurso, o novo presidente afirmou que políticas de transparência "nos permitirão mostrar ao mundo que o Paraguai está muito melhor do que infelizmente alguns relatos transmitem".
Ele também anunciou que vai instruir todas as instâncias do Executivo a integração de esforços com o Ministério Público, a justiça e a cooperação internacional para a luta contra o narcotráfico, o tráfico de seres humanos e a lavagem de dinheiro.
"Vamos trabalhar intensamente para que a política deixe de ser uma tentação para o crime organizado", reforçou.
- Integração latino-americana, China e Taiwan -
Economista de formação, com estudos nos Estados Unidos, Peña disse que propõe, em seu mandato, "transformar o Paraguai no centro da integração latino-americana", diante dos presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva; argentino, Alberto Fernández; uruguaio, Luis Lacalle Pou; boliviano, Luis Arce; e chileno, Gabriel Boric.
O Paraguai, um importante produtor mundial de alimentos, mas sem saída para o mar, integra o Mercosul, juntamente com Argentina, Brasil e Uruguai.
Peña disse que concentrará seus esforços em melhorar o funcionamento do bloco e aperfeiçoar seus acordos, entre eles os tratados que criaram duas hidrelétricas gigantescas, que seu país compartilha com Brasil e Argentina e que devem ser revistos este ano.
Diante do vice-presidente de Taiwan, William Lai, o novo presidente paraguaio reiterou a decisão de fortalecer as relações diplomáticas.
Assim, disse que buscará "acordos horizontais" e que a relação com Taiwan "é uma demonstração do espírito amistoso e cooperativo do Paraguai com quem nos sentimos aliados e irmãos".
"Negociamos e continuaremos negociando com o mundo sem comprometer nossa soberania, território, nossos valores e nossa cultura", ressaltou Peña, que como presidente eleito visitou Taiwan, considerada por Pequim uma província rebelde.
O Paraguai é o único país sul-americano que mantém laços diplomáticos com Taiwan e não com a China.
* AFP