A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou pesar na noite de quarta-feira (9) pelo assassinato a tiros de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador. Em comunicado, o Itamaraty manifestou "profunda consternação" diante da notícia da morte e classificou o ocorrido como "deplorável".
"O governo brasileiro tomou conhecimento, com profunda consternação, do assassinato. Com a confiança de que os responsáveis por esse deplorável ato serão identificados e levados à justiça, o Brasil transmite suas sentidas condolências à família do candidato e ao governo e ao povo equatorianos", diz a nota.
Villavicencio, 59 anos, foi assassinado no início da noite de quarta-feira. De acordo com o jornal equatoriano El Universo, ele teria sofrido três disparos na cabeça após sair de um encontro político na cidade de Quito, capital do país.
O atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, declarou na madrugada desta quinta-feira (10) estado de exceção em todo o território nacional. A data das eleições se mantêm, afirmou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Diana Atamaint.
— As Forças Armadas, a partir deste momento, mobilizam-se em todo o território nacional para garantir a segurança dos cidadãos, a tranquilidade do país e as eleições livres e democráticas em 20 de agosto — afirmou Lasso em discurso transmitido no YouTube.
O presidente equatoriano declarou ainda três dias de luto nacional "para honrar a memória de Villavicencio", descrito por ele como um "patriota".
Quem era Fernando Villavicencio
Ferrenho na luta contra a corrupção, Villavicencio apresentou denúncias de irregularidades em estatais equatorianas até dias antes de ser morto. Uma de suas investigações jornalísticas levou o ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) ao banco dos réus. O relatório feito em conjunto com seu colega e amigo Christian Zurita expôs um esquema de propinas que encurralou o ex-chefe de Estado e funcionários de seu governo por terem recebido subornos de empresários.
Na semana passada, Villavicencio denunciou ameaças contra sua vida e sua equipe de campanha. O candidato estava sob proteção policial quando foi atacado a tiros ao sair de um comício político com apoiadores.
"Apesar das novas ameaças, continuaremos lutando pelo povo corajoso do nosso Equador", escreveu Villavicencio nas redes sociais, ao denunciar mensagens intimidadoras.
Apoiado pelos movimentos Construye e Gente Buena, o jornalista e ex-membro da Assembleia Nacional buscava a presidência do Equador pela primeira vez.