Representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) se reuniram com dois candidatos à presidência da Argentina, o ultraliberal Javier Milei e a conservadora Patricia Bullrich, "para entender suas prioridades econômicas", informou a organização financeira na sexta-feira (18).
O FMI acompanha de perto a corrida eleitoral no país sul-americano, com o qual assinou um programa de crédito em 2022, com a Argentina recebendo US$ 44 bilhões em 30 meses, em troca de o Banco Central aumentar suas reservas internacionais e o governo reduzir o déficit fiscal.
O diretor do FMI para as Américas, Rodrigo Valdés, e outros membros de sua equipe, tiveram uma reunião virtual na manhã da última sexta-feira com Milei, um economista de extrema-direita que abalou o cenário político argentino ao ser o mais votado nas primárias, no domingo (13).
Entre suas propostas, destacam-se duas que têm gerado muita discussão: dolarizar a economia e eliminar o Banco Central da República Argentina (BCRA), responsável por definir as taxas de juros e controlar uma das inflações mais altas do mundo.
Dario Epstein, assessor econômico de Milei, afirmou nas redes sociais que o candidato expôs sua visão e disse que "nós não vamos dar um calote no FMI nem na dívida soberana".
No início da semana, o FMI se reuniu com Bullrich, defensora da manutenção de uma economia bimonetária, com a moeda local, o peso, e o dólar.
Luciano Laspina, assessor econômico de Bullrich, afirmou dias antes das primárias que "a Argentina precisa assinar um acordo com o FMI novamente, no mínimo, para evitar um calote ou atraso (nos pagamentos), e se esse acordo resultar em apoio financeiro, esses fundos devem ser usados para proteger as economias dos argentinos".
Para o FMI, as reuniões virtuais "foram uma oportunidade para trocar pontos de vista sobre as perspectivas econômicas atuais da Argentina e compreender suas prioridades de política econômica", disse um porta-voz da organização financeira, que pediu para não ser identificado.
Essas reuniões fazem parte dos contatos "rotineiros" com líderes políticos e econômicos "para entender suas visões e opiniões sobre os objetivos gerais e as políticas-chave dos programas apoiados pelo Fundo", acrescentou.
O FMI conhece bem o outro candidato presidencial com chances em outubro, o atual ministro da Economia, Sergio Massa, com quem negociou algumas revisões do acordo.
Na próxima quarta-feira (23), o conselho executivo do FMI se reunirá para aprovar o envio de fundos para a Argentina, após o acordo alcançado sobre a quinta e sexta revisão do programa, que envolve o repasse de US$ 7,5 bilhões em duas parcelas: em 23 de agosto e na primeira semana de novembro.