O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, anunciou na sexta-feira (7) o fim do seu governo de coalizão, devido a divergências entre os quatro partidos sobre a estratégia para conter o fluxo de imigrantes que entram no país.
A comissão eleitoral anunciou que em meados de novembro haverá novas eleições, nas quais a participação de Rutte, chefe de governo holandês que mais tempo ocupou o cargo, é incerta.
— Nesta noite, chegamos à conclusão, infelizmente, de que as divergências eram insuperáveis. Por este motivo, apresentarei em breve minha demissão ao rei, em nome de todo o governo — declarou Rutte em entrevista coletiva, acrescentando que tem "energia" para se candidatar ao quinto mandato, mas que precisava refletir sobre o assunto. Mais tarde, o governo informou que a demissão foi apresentada ao rei do país, que receberá Rutte em reunião em Haia.
Membro do Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD, centro-direita), Rutte queria que os outros três partidos da coalizão governamental estabelecessem um sistema de cotas para limitar o número de crianças procedentes de zonas de conflito elegíveis para asilo na Holanda.
Cotas
O governo holandês enfrentou, no ano passado, um grande escândalo em torno da gestão de centros de acolhimento de imigrantes, superlotados.
A proposta de Rutte era restringir a 200 por mês o número de reuniões de crianças com parentes refugiados já estabelecidos na Holanda, e ele ameaçou dissolver o gabinete caso seus aliados não a aprovassem, segundo a imprensa holandesa.
O partido conservador União Cristã, que levou a Rutte o apoio do eleitorado protestante do centro do país, opôs-se radicalmente à proposta, que tampouco foi aprovada pelo partido D66, de centro-esquerda.
— A família, e que as crianças cresçam com seus pais, é um valor fundamental para nós — disse a ministra encarregada do combate à pobreza, Carola Schouten, membro da União Cristã.
Rutte encerra, assim, seu quarto mandato desde outubro de 2010. O último período teve início em janeiro de 2022, com uma coalizão que levou nove meses para se formar após as eleições de março de 2021.
Segundo a imprensa, Rutte busca, com a dissolução do seu gabinete, poupar energia para travar uma batalha com uma ala do seu partido que defende uma linha mais dura em matéria de política migratória e acolhida de refugiados.
Desde que chegaram ao poder, Rutte e seu partido de direita liberal tiveram que competir e resistir à pressão de vários partidos de extrema direita ferozmente contrários à imigração.