O principal partido de oposição da África do Sul acusou, nesta segunda-feira (31), um partido radical de esquerda de incitar a violência étnica durante um comício no fim de semana, inviabilizando a possibilidade de uma coalizão frente as eleições de 2024.
No último sábado (29), Julius Malema, dirigente do partido esquerdista Combatentes da Liberdade Econômica (EFF, na sigla em inglês) entoou um controverso canto que remonta à luta contra o apartheid que incitava a "matar o Boer, o fazendeiro", uma referência aos descendentes de colonos holandeses.
"Este homem está determinado a iniciar uma guerra civil", disse John Steenhuisen, líder do partido liberal Aliança Democrática (DA), majoritariamente formado por pessoas brancas.
Steenhuisen chamou Malema de um "tirano sedento por sangue" empenhado em incitar o "assassinato em massa".
O partido DA está considerando apresentar uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. O EFF, por sua vez, não respondeu à tentativa de contato da AFP.
O comício de sábado, que comemorava os 10 anos do partido, foi também uma demonstração de força a menos de um ano das eleições no país, que são cruciais para o Congresso Nacional Africano (ANC), desde 1994 no poder.
Pela primeira vez desde o fim do apartheid, o ANC poderia perder seu posto diante da insatisfação por escândalos de corrupção, cortes de energia e pela alta taxa de desemprego no país.
Malema tinha a intenção de formar uma coalizão com o DA, mas após o incidente, Steenhuisen afirmou que o EFF é o "inimigo político número um".
O partido liberal, no entanto, ainda pode adicionar 16% de apoio, de acordo com uma pesquisa recente, que dá 13% das preferências ao partido de esquerda defensor da reforma agrária.
* AFP