"Agora não é o momento de esquecer o Haiti", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao chegar a Porto Príncipe neste sábado (1º) para demonstrar sua "solidariedade" com uma população presa em um "ciclo trágico" de violência, miséria e desastres sanitários.
"Estou em Porto Príncipe para expressar minha solidariedade para com o povo haitiano e fazer um apelo à comunidade internacional para que continue apoiando o Haiti, inclusive com uma força internacional que possa apoiar a polícia nacional", disse Guterres em um tuíte, minutos depois de iniciar sua primeira visita ao país como secretário-geral.
Guterres também pediu para "colocar o Haiti no mapa político internacional e fazer da tragédia do povo haitiano a principal prioridade da comunidade internacional".
"Conheci os haitianos e percebi o esgotamento de uma população que enfrenta uma cascata de crises e condições de vida insuportáveis por muito tempo", acrescentou.
Depois de se reunir com o primeiro-ministro Ariel Henry e com outros líderes políticos e da sociedade civil, Guterres insistiu em que "agora não é hora de esquecer o Haiti".
Nesta visita, que foi mantida em sigilo até o desembarque na capital, o chefe da ONU também instou o Conselho de Segurança da organização, que discutirá a situação do país caribenho no final de julho, "a autorizar o envio imediato de uma força de segurança internacional sólida".
Em outubro, atendendo a um pedido de Henry, ele já havia pedido ao Conselho de Segurança que enviasse tropas para apoiar a polícia haitiana, dominada pela violência das gangues.
Embora alguns países tenham dito que estão dispostos a participar de uma força como essa, nenhum se ofereceu para liderar uma operação desse tipo em um país escaldado por múltiplas intervenções estrangeiras.
"Faço um apelo aos Estados que têm a capacidade de proporcionar uma força de segurança sólida para que deixem as dúvidas de lado e estejam prontos para seguir uma decisão do Conselho de Segurança", pediu Guterres.
"Cada dia conta. Se não agirmos agora, a instabilidade e a violência terão um impacto permanente em gerações de haitianos", acrescentou.
Nos últimos meses, funcionários da ONU avaliaram com crescente alarme o impacto de tiroteios, sequestros e estupros coletivos.
No sábado, o chefe da ONU denunciou que "Porto Príncipe está cercada por gangues armadas que bloqueiam as principais estradas que levam aos departamentos norte e sul, controlando o acesso à água, alimentos e atenção médica".
Além disso, condenou "nos termos mais enérgicos possíveis a violência sexual generalizada que as gangues usam como arma para instilar o medo".
Quase metade da população do Haiti, cerca de 5,2 milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária, incluindo ao menos 3 milhões de crianças.
Depois do Haiti, o chefe da ONU segue para Trinidad e Tobago, onde participará da cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom). O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também estará presente no encontro e abordará o caso haitiano.
* AFP