A invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022 completou 500 dias neste sábado (8), ainda sem uma projeção real e concreta de término.
No início de junho, o exército ucraniano lançou uma contraofensiva para reconquistar territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul da Ucrânia. A tarefa, porém, é difícil, com combates mortais e perdas significativas.
As forças russas impõem resistência com suas poderosas defesas, e a Ucrânia necessita de munições de aviação e artilharia. Na sexta-feira (7), os Estados Unidos confirmaram o envio de um novo pacote de ajuda militar aos ucranianos.
Os russos "construíram fortificações sólidas, com muito equipamento", afirma Antonina Morakhovska, uma moradora de 73 anos de Nikopol, no sul da Ucrânia, acreditando que o conflito não irá terminar em breve.
— Vejo como os nossos estão avançando, não é fácil para eles. Nesse calor, penso neles o tempo todo. Será difícil, mas vamos ganhar de qualquer maneira — acrescentou a professora aposentada.
Apesar dos bilhões de dólares em ajuda militar ocidental, o exército ucraniano conseguiu recuperar apenas algumas centenas de quilômetros quadrados desde o início de sua contraofensiva, libertando cerca de uma dezena de localidades.
Está muito distante das vitórias rápidas do ano passado, quando as forças de Kiev recuperaram mais de 9 mil quilômetros quadrados em nove dias ao leste de Kharkiv em setembro, e outros 5 mil quilômetros quadrados em novembro, na região de Kherson.
— A ofensiva não está sendo rápida, isso é um fato — reconheceu o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que continua pressionando as potências ocidentais a fornecerem armas de longo alcance e caças F-16.
— Sem armas de longo alcance, é difícil não só realizar missões ofensivas, mas também, para ser honesto, operações defensivas — reforça.
Longe de Kiev, em um pequeno mercado em Nikopol, Lyudmila Chudinova, 82, pensa em seu filho de 49 anos, um voluntário que se recupera de um ferimento.
— Estou com muito medo de que depois de se recuperar, ele seja enviado para a linha de frente de novo — afirma, com lágrimas nos olhos.
9 mil civis mortos
De acordo com a ONU, desde a invasão, em 24 de fevereiro de 2022, cerca de 9 mil civis foram mortos, incluindo aproximadamente 500 crianças.
A cidade de Nikopol também é alvo frequente das forças russas. Metade de seus 100 mil habitantes a abandonaram. O município tem vista para a margem ocidental da represa de Kajovka, localizada a 10 quilômetros da usina nuclear de Zaporizhia, ocupada pelas tropas de Moscou desde março de 2022.
Nos últimos dias, o espectro de uma catástrofe nuclear pairou sobre a região, quando Ucrânia e Rússia se acusaram mutuamente de ações provocadoras na usina. Em 6 de junho, um ataque destruiu parte da represa de Kakhovka, causando grandes inundações que mataram dezenas de pessoas e destruíram muitas casas.