O governo talibã do Afeganistão aproveitou um comentário do presidente americano, Joe Biden, neste sábado (1º), para enfatizar que o grupo jihadista Al-Qaeda não representa qualquer ameaça para o país.
Em coletiva de imprensa na sexta-feira (30), um repórter perguntou a Biden se ele admitia que erros foram cometidos durante a retirada do Afeganistão em 2021.
"Não, não. Agora temos todas as evidências", respondeu ele, de acordo com a transcrição divulgada pela Casa Branca.
"Você se lembra do que eu disse sobre o Afeganistão? Eu disse que a Al-Qaeda não estaria lá. Eu disse que não estaria lá. Eu disse que os talibãs nos ajudariam. E o que está acontecendo agora? O que está acontecendo? Leia os jornais. Eu estava certo", afirmou.
O jornalista fez essa pergunta após um relatório, divulgado ontem, segundo o qual a retirada do Afeganistão em 2021 foi realizada em meio à falta de clareza na tomada de decisões.
O informe foi feito a pedido do secretário de Estado, Antony Blinken, pelas cenas caóticas em Cabul depois que os talibãs retomaram o poder, encerrando uma presença militar americana de duas décadas.
No sábado, o Ministério afegão das Relações Exteriores comentou as declarações de Biden.
"Consideramos os comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a inexistência de grupos armados no Afeganistão como um reconhecimento da realidade", disse o ministério em um comunicado.
Isso "refuta o recente relatório da Equipe de Monitoramento de Sanções da ONU, que denuncia a presença e a operação de mais de 20 grupos armados no Afeganistão", acrescenta a mesma fonte.
Em maio, um relatório das Nações Unidas afirmou que há indícios de que grupos armados como a Al-Qaeda estavam se reconstituindo no país.
"A relação entre os talibãs e a Al-Qaeda e o Tehrik-e-Taliban Paquistão (TTP) continua forte e simbiótica", observou o relatório.
O governo talibã do Afeganistão insiste em que não permite que grupos armados preparem ataques contra outros países, usando seu território como base, e nega a presença da Al-Qaeda.
Os talibãs não reconheceram o assassinato do líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, por um drone americano em Cabul, no ano passado, e afirmam que o incidente ainda está sendo investigado.
* AFP