O número de afegãos pobres quase dobrou em três anos e provavelmente alcançará 34 milhões em 2023, informou a ONU, que fez um alerta para o agravamento da situação econômica após as medidas do Talibã contra as mulheres.
Desde que o Talibã voltou ao poder em agosto de 2021, a produção econômica do Afeganistão caiu 20,7%, de acordo com o relatório mais recente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), publicado nesta terça-feira (18).
"Este choque sem precedentes mantém o Afeganistão entre os países mais pobres do mundo", destaca o relatório.
Em 2023 o país deve ter 15 milhões de afegãos abaixo da linha da pobreza a mais que os 19 milhões de 2020, segundo o documento.
Não há dados de censo recentes para o Afeganistão, mas a ONU calcula a população do país em 40 milhões, o que significaria que 85% do país estaria na pobreza.
O PIB do Afeganistão em 2022 caiu 3,6%, de acordo com as estimativas do estudo.
"Um fluxo considerável de ajuda estrangeira, a 3,7 bilhões de dólares em 2022, permitiu evitar o colapso total do Afeganistão", afirmou o representante do PNUD para o Afeganistão, Abdallah Al Dardari, antes de alertar que a ajuda externa vai cair este ano.
Em 2023, o PIB pode crescer 1,3% caso persista o nível de ajuda.
Desde o retorno ao poder, o Talibã multiplicou as medidas contra as mulheres, que foram banidas do Ensino Médio e das Universidades, assim como de muitos cargos governamentais. Também não podem trabalhar em ONGs ou para a ONU.
"Os decretos que restringem os direitos das mulheres e suas filhas, incluindo uma diretriz que proíbe as mulheres afegãs de trabalhar para as Nações Unidas, afetam diretamente a produtividade econômica e também podem ter um impacto no nível de ajuda", alerta o relatório.
* AFP