Exploradores de águas profundas localizaram, na última terça-feira (18), os destroços de um navio japonês que foi torpedeado em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial perto das Filipinas. No ataque, morreram mais de mil prisioneiros, a maioria australianos.
O navio Montevideo Maru foi encontrado a mais de 4 mil metros de profundidade no Mar da China Meridional, a 110 quilômetros da ilha filipina de Luzon. O anúncio da descoberta foi feito neste sábado (22) pela Fundação Silentworld para arqueologia subaquática.
A localização da embarcação, afundada em 1º de julho de 1942 por um submarino americano cuja tripulação não sabia que o navio transportava prisioneiros de guerra, ocorreu após 12 dias de buscas com um drone subaquático com sonar.
— Acreditamos que foi atingido por dois torpedos — disse o capitão Roger Turner, diretor técnico da expedição, acrescentando que o navio partiu-se em dois, com a proa e a popa a cerca de 500 metros uma da outra no fundo do mar.
O naufrágio do Montevideo Maru é uma das piores tragédias marítimas da Austrália. De acordo com a Silentworld, cerca de 1.060 pessoas de 14 nacionalidades morreram, incluindo 979 australianos, dos quais 850 eram militares. Eles foram capturados alguns meses antes pelas forças japonesas na queda do município costeiro de Rabaul, em Papua Nova Guiné.
— Finalmente, o lugar de descanso para as almas perdidas do Montevidéu Maru foi encontrado. Esperamos que a notícia traga algum conforto para os entes queridos, que tiveram uma longa vigília — disse o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
Segundo a Silentworld, foram necessários mais de cinco anos para planejar a missão de busca, que começou em 6 de abril.
"Um capítulo terrível da história"
A Silentworld afirmou que os restos do Montevideo Maru, que foram encontrados em um nível mais profundo do que os do Titanic, não serão removidos. Nem objetos nem restos humanos serão retirados, em respeito às famílias das vítimas.
— A descoberta do Montevideo Maru fecha um capítulo terrível na história militar e marítima da Austrália — disse John Mullen, diretor da Silentworld.
A entidade realizou a busca junto com a empresa holandesa de prospecção offshore Fugro e o exército australiano.
— As famílias esperaram anos por notícias de seus entes queridos desaparecidos antes de saber do trágico resultado. Algumas nunca aceitaram totalmente que seus familiares estavam entre as vítimas — relatou Mullen.
Um dos participantes da missão de busca foi o australiano Andrea Williams, cujo avô e tio-avô, ambos prisioneiros de guerra, morreram no naufrágio do navio.
— É muito emocionante, mas também um grande orgulho ter conseguido encontrar os destroços do navio — disse, afirmando que a notícia foi "extremamente reconfortante" para os familiares das vítimas.
A descoberta dos destroços pôs fim a quase 81 anos de incerteza para as famílias das vítimas.
— Uma perda como essa se estende por décadas e nos lembra o custo humano do conflito — declarou o general Simon Stuart, chefe do exército australiano.
Entre os mortos a bordo do Montevideo Maru estavam 33 marinheiros do cargueiro norueguês Herstein, também feito prisioneiro pelos japoneses em Rabaul, e cerca de 20 guardas e tripulantes japoneses, segundo Silentworld. Encontravam-se no navio, ainda, cidadãos de outros países: Reino Unido, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Ilhas Salomão, Suécia e Estados Unidos.