Manifestantes e policiais ficaram feridos neste sábado (25), alguns gravemente, em confrontos no centro-oeste da França durante um protesto contra reservatórios de irrigação denunciados por estocar água a serviço do agronegócio.
A manifestação ocorreu no município de Sainte-Soline, cerca de 400 quilômetros a sudoeste de Paris, aumentando a tensão social em um país convulsionado por semanas por protestos e greves contra a reforma da Previdência.
— Entre os manifestantes atendidos pelas equipes médicas, há dois feridos graves, um deles com traumatismo craniano — disseram as autoridades.
Entre os gendarmes (policiais militares), há 16 feridos, seis deles internados, enquanto outro, com ferimentos graves, deve ser transferido por helicóptero, afirmou a mesma fonte. Segundo o movimento ambientalista Soulèvements de la Terre, os confrontos deixaram dezenas de feridos entre os manifestantes, três deles em estado grave.
Uma deputada do partido de esquerda LFI, Manon Meunier, disse à AFP que dois feridos têm um prognóstico vital comprometido, mas essa informação não foi confirmada pelas autoridades.
— Eu vi pelo menos 30 pessoas feridas e há mais. Algumas perderam a consciência e outras tinham a cabeça sangrando — disse Claire Auger, uma professora que os ajudou.
Cerca de seis mil pessoas, segundo as autoridades, e cerca de 25 mil, segundo os organizadores, se reuniram no local para manifestar. O Ministério do Interior mobilizou 3,2 mil gendarmes e policiais, o dobro de uma manifestação anterior em outubro. Em ambos os casos, a prefeitura não autorizou o protesto.
Nos arredores do reservatório era possível ver múltiplas explosões. Vários veículos da gendarmaria foram atingidos. A maioria dos manifestantes, no entanto, protestava pacificamente.
— Enquanto o país se levanta para defender as aposentadorias, iremos paralelamente defender a água — disseram os organizadores ambientalistas.
Esses tipos de reservatórios servem para armazenar a água extraída dos lençóis freáticos durante a estação chuvosa e são mantidos ao ar livre para fins de irrigação em caso de seca ou restrições no consumo de água. Segundo seus defensores, eles são totalmente necessários para a manutenção dos campos diante do aquecimento global.
A construção de Sainte-Soline tem um custo de 70 milhões de euros (75 milhões de dólares, 396 milhões de reais), financiados a 70% por fundos públicos com a condição de serem utilizados métodos agroecológicos. Seus críticos condenam o acúmulo de água para o agronegócio.