O chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, disse, neste sábado (25), que o bloco quer evitar "dependências" com a China como as que teve com o gás oriundo da Rússia e pediu um fortalecimento das relações comerciais com a América Latina.
"Europa e América Latina têm a oportunidade de mostrar que a relação comercial ainda é fonte de progresso", comentou Borrell durante seu discurso na Cúpula Ibero-americana, em Santo Domingo, ao afirmar que a necessidade de "segurança" se impõe quando se fala em integração.
"Descobrimos que as dependências, que eram elementos que construíam a paz, também são armas que podem se voltar contra nós. A dependência excessiva da Europa do gás russo fez (Vladimir) Putin pensar que podia invadir a Ucrânia impunemente porque a Europa não reagiria, prisioneira como era, de 40% do nosso consumo de gás procedente da Rússia", explicou.
"Queremos evitar que nossa relação com a China nos gere dependências como as que tivemos com a Rússia", acrescentou.
Borrell ressaltou que 2023 é "um ano-chave" para acordos, já que depois da Cúpula Ibero-americana, será realizada em julho, em Bruxelas, a Cúpula entre a União Europeia e Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).
"Temos (na Europa) investido mais na América Latina do que na Rússia, na China, na Índia e no Japão, juntos", afirmou.
Segundo a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), 36% dos mais de 142 bilhões de dólares (cerca de R$ 745 bilhões) em investimentos estrangeiros na região procederam da Europa.
* AFP