O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira (21) que a Rússia está suspendendo a participação no tratado de desarmamento nuclear Novo START e ameaçou realizar novos testes nucleares se os Estados Unidos os fizerem primeiro.
Poucos dias antes do primeiro aniversário do início da ofensiva russa na Ucrânia, o líder russo declarou, no discurso anual à nação, que está determinado a continuar. Putin acusou os países ocidentais de usarem o conflito na Ucrânia para "acabar" com a Rússia e afirmou que Moscou foi "forçada" a suspender o tratado de desarmamento nuclear Novo START.
O tratado de 2010 é o último entre Washington e Moscou para evitar uma escalada nuclear, mas foi enfraquecido nos últimos anos, com acusações dos Estados Unidos de que a Rússia não o estava cumprindo.
"Lamento a decisão anunciada pela Rússia", reagiu imediatamente o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, descreveu nesta terça-feira como "muito decepcionante e irresponsável" a decisão russa de suspender o tratado de desarmamento nuclear e insistiu que seu país continua "disposto" a falar sobre o assunto.
O discurso de Putin ocorre um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez uma visita surpresa a Kiev, prometendo novas armas e o apoio "inabalável" de Washington ao país. Biden também fará um discurso por volta das 13h30min (no horário de Brasília) em Varsóvia, depois de se encontrar com o presidente polonês, Andrzej Duda.
Ucrânia promete "expulsar e castigar a Rússia"
Após o discurso de Putin, a Ucrânia prometeu "expulsar e castigar" a Rússia. "Eles estão estrategicamente em um beco sem saída", disse o chefe da administração presidencial da Ucrânia, Andrey Yermak, no Telegram.
A diplomacia russa convocou o embaixador dos EUA em Moscou nesta terça-feira para entregar uma nota exigindo que os EUA retirem "soldados e equipamentos" da Otan da Ucrânia.
No discurso, Putin também enviou um alerta aos críticos de seu governo.
— Aqueles que embarcaram no caminho da traição (...) devem ser responsabilizados perante a lei — disse ele.
Apoio internacional
O presidente Biden também falará por telefone com os governantes do Reino Unido, França e Itália, disse a Casa Branca. O chanceler alemão, Olaf Scholz, deve visitar Washington em 3 de março.
Na quarta-feira, ele se encontrará com os governantes do grupo Bucareste Nove, que inclui Bulgária, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Polônia.
Os Estados Unidos têm sido a maior fonte de apoio à Ucrânia, com assistência militar, econômica, humanitária e outras de mais de US$ 100 bilhões.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gan, disse nesta terça-feira que estava "profundamente preocupado" com a guerra, que ele disse estar "se intensificando e saindo do controle".
Ele antecipou que Pequim buscará "trabalhar com a comunidade internacional para promover o diálogo e a consulta, responder às preocupações de todas as partes e buscar a segurança comum".