Um casal sírio foi resgatado depois de 210 horas sob os escombros do terremoto em Antakya, na Turquia. "Alahu akbar" (Alá é maior), exclamaram após serem salvos.
Além deles, as equipes de resgate encontraram outras duas pessoas com vida. Com 17 e 21 anos, dois irmãos foram resgatados depois de 198 horas sob os escombros. Os jovens afirmaram que sobreviveram consumindo proteína em pó.
— Estava tranquilo, sabia que seria salvo. Eu rezei. Conseguia respirar sob as ruínas — comentou um deles ao canal NTV.
Apesar de pequenos milagres como estes, as possibilidades de encontrar sobreviventes nos edifícios que desabaram começam a ficar perto de nulas. Até a noite de terça-feira, o balanço da tragédia era de 39.106 mortos: 35.418 na Turquia e 3.688 na Síria.
A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo nesta quarta-feira por doações para ajudar a enfrentar as "imensas necessidades" de milhões de pessoas sem moradia ou alimentos após o terremoto. Segundo a ONU, os números de atingidos ainda devem aumentar de maneira expressiva.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu aos Estados-membros da organização que contribuam "sem demora" com US$ 397 milhões para assegurar "a ajuda humanitária da qual precisam desesperadamente quase 5 milhões de sírios", começando por "abrigo, atendimento médico e alimentos". Guterres disse que em breve será apresentado um pedido similar para ajudar a Turquia.
— As necessidades são imensas e sabemos que a ajuda para salvar vidas não está chegando na velocidade e escala necessárias — insistiu Guterres.
— Estamos assistindo a pior catástrofe natural na região europeia da OMS em um século e a ainda estamos medindo a dimensão — afirmou uma fonte da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Familiares enlutados cobram retirada de corpos
— Entendemos que a atenção está voltada para os sobreviventes, mas temos o direito de reclamar os corpos de nossos familiares — declarou, com resignação, Hussein, que esperava localizar a esposa de seu irmão e seus quatro filhos.
— As equipes que vieram até aqui deixaram claro que procuram sobreviventes. Trabalharam durante dois dias e não encontraram nenhum — lamentou Cengiz, um soldado de 50 anos de Antakya com cinco parentes presos entre os escombros.
Nas atuais circunstâncias, a prioridade agora é a assistência para centenas de milhares — que podem chegar a milhões — de pessoas cujas casas foram destruídas pelos terremotos.
— Atendemos às necessidades de alojamento de 1,6 milhão de pessoas. Quase 2,2 milhões de pessoas foram retiradas ou abandonaram as províncias (atingidas) — afirmou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, na terça-feira, após uma reunião do governo.
Zonas rebeldes
No lado sírio, pela primeira vez desde 2020 um comboio de ajuda entrou na terça-feira nas zonas rebeldes do norte do país, depois de atravessar a passagem de fronteira de Bab al-Salama, no limite com a Turquia.
O comboio era integrado por 11 caminhões da Organização Internacional para as Migrações (OIM), carregados com barracas, colchões, cobertores, tapetes e outros produtos.
O posto de fronteira de Bab al-Salama liga o território turco ao norte da província de Aleppo, controlada por facções sírias leais a Ancara. O local havia sido fechado à ajuda humanitária da ONU por pressão da Rússia, aliada do regime de Damasco.
As zonas fora de controle do governo sírio no norte de Aleppo e na província de Idleb, noroeste do país, onde moram quase 3 milhões de pessoas, estão entre as mais devastadas pelo terremoto na Síria.
A Síria anunciou a abertura de duas novas passagens de fronteira com a Turquia por um período inicial de três meses para acelerar a chegada de ajuda humanitária.