A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou nesta quinta-feira (18), noite de quarta no Brasil, que deixará o cargo. Segundo Ardern, a renúncia entrará em vigor até 7 de fevereiro. A convenção trabalhista votará em um novo líder em 22 de janeiro. O vice-primeiro-ministro Grant Robertson indicou que não apresentaria seu nome.
— Para mim, chegou a hora —, declarou ela em uma reunião com membros do Partido Trabalhista. — Não tenho mais energia para mais quatro anos — justificou.
Ardern, que se tornou primeira-ministra em um governo de coalizão em 2017 e conduziu o partido de centro-esquerda a uma ampla vitória nas eleições três anos depois, viu a sigla e a popularidade pessoal caírem nas pesquisas recentes.
Na primeira aparição pública desde que o Parlamento entrou em recesso há um mês, ela afirmou no encontro anual do Partido Trabalhista que durante esse intervalo esperava encontrar energia para seguir na liderança, mas não conseguiu.
Ardern disse que a próxima eleição geral será realizada em 14 de outubro, e até lá continuará como membro do Parlamento. A governante ainda classificou como positivas as ações do governo para tornar as moradias mais acessíveis, combater as mudanças climáticas e a pobreza infantil.
— E fizemos isso respondendo a algumas das maiores ameaças à saúde e ao bem-estar econômico de nosso país desde a Segunda Guerra — avaliou, em uma referência à pandemia de covid-19.
A primeira-ministra ganhou destaque mundial por conta da condução do enfrentamento ao coronavírus na Nova Zelândia. Embora as últimas pesquisas indiquem que uma coalizão dos partidos de centro-direita National e Act vencerá a eleição, Ardern garantiu que esse não é o motivo da renúncia.
— Não estou saindo porque acredito que não podemos vencer a próxima eleição, mas porque acredito que podemos e iremos — declarou.
Ardern garantiu que não há segredo por trás de sua renúncia.
— Eu sou humana. Damos o máximo que podemos pelo tempo que podemos e então é hora. E para mim, chegou a hora — explicou a premiê. — Estou saindo porque com um trabalho tão privilegiado vem uma grande responsabilidade. A responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar - e também quando não é.
No país, o anúncio despertou diferentes tipos de reações.
— Já era hora. Ela prejudicou a economia e os preços dos alimentos dispararam — disse Esther Hedges, de 65 anos, moradora da cidade de Cambridge, na ilha norte do país.
Já Cristina Sayer, de 38 anos, considerou Ardern "a melhor primeira-ministra que já tivemos".
— Gosto do tipo de pessoa que ela é, ela se preocupa com as pessoas. Lamento vê-la partir — acrescentou.