A polícia de Memphis desativou, neste sábado (28), a unidade dos cinco agentes que espancaram um jovem negro americano, que faleceu dias depois em decorrência dos ferimentos, no caso mais recente de violência policial que provocou horror e incompreensão nos Estados Unidos.
A morte de Tyre Nichols, 29 anos, reabriu um angustiante debate em todo o país sobre a violência policial, especialmente depois que as promessas de uma reforma percorreram o país após a morte de George Floyd em 2020.
Os cinco agentes, também afro-americanos, pertenciam à unidade Scorpion de Memphis, ativada em novembro de 2021 com a intenção de reduzir a atividade ilegal em pontos conflituosos, entre outras coisas, cobrindo estas áreas com mais agentes.
Mas neste sábado, o departamento da polícia de Memphis informou em nota que era "do maior interesse de todos desativar permanentemente a unidade Scorpion".
A família de Nichols comemorou a decisão por meio de nota de seus advogados, qualificando-a de "apropriada e proporcional à morte trágica de Tyre Nichols, e também uma decisão decente e justa para todos os cidadãos de Memphis".
A chefe de polícia Cerelyn Davis, criadora da unidade, tinha dito anteriormente à CNN que, ao menos inicialmente, teve sucesso, com uma redução da delinquência em 2022, após registrar um recorde de 345 homicídios no ano anterior, uma cifra que, segundo ela, provocou "o protesto da comunidade".
A unidade, cuja sigla em inglês significa Operação de Crimes de Rua para Restaurar a Paz em Nossos Bairros, tinha como objetivo "reduzir a violência armada, ser visível nas comunidades e também incidir no aumento da delinquência", afirmou.
Apesar dos apelos nacionais por uma reforma da polícia após a morte de Floyd, o número de pessoas mortas em interações com a polícia alcançou em 2022 seu nível mais alto em 10 anos, com 1.186 vítimas mortas, segundo o site Mapping Police Violence.
Os agentes envolvidos na morte de Nichols enfrentam acusações de homicídio doloso, além de agressão com agravantes e sequestro com agravantes.
Mesmo após a divulgação, na noite de sexta (27), do vídeo mostrando a surra, algumas perguntas-chave continuavam sem resposta, principalmente o que provocou a detenção de Nichols.