Um míssil russo que atingiu um prédio em Dnipro, no leste da Ucrânia, no sábado (14), matou ao menos 35 pessoas, segundo balanço divulgado no domingo (15) pelas autoridades ucranianas. Mais de 35 pessoas ainda estão desaparecidas após o ataque, que aconteceu em meio às comemorações do Ano Novo ortodoxo. Uma menina de 15 anos estaria entre os mortos.
"Trinta e nove pessoas foram resgatadas, 75 ficaram feridas", acrescentou o governador regional de Dnipropetrovsk,Valentin Reznichenko, nas redes sociais, especificando que "o destino dos outros 35 moradores da propriedade é desconhecido".
Uma mulher foi resgatada depois de passar horas nos escombros, disseram as autoridades na manhã deste domingo.
Um vídeo postado pelos serviços de emergência ucranianos no Facebook e no Telegram mostrou equipes de resgate trabalhando à noite entre os escombros do prédio.
De acordo com a Presidência ucraniana, entre cem e 200 pessoas ficaram desabrigadas após o ataque e cerca de 1,7 mil moradores de Dnipro ficaram sem eletricidade ou calefação.
No sul, em Kryvyi Rig, uma pessoa morreu e outra ficou ferida após o bombardeio contra prédios residenciais, segundo um balanço oficial.
No total, "o inimigo realizou três ataques aéreos e cerca de cinquenta disparos de mísseis no dia" de sábado, especificou o Estado-Maior do Exército ucraniano. "Os ocupantes lançaram 50 ataques com vários lançadores de mísseis", acrescentou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o "silêncio covarde" do povo russo após o ataque no leste da Ucrânia. Em sua habitual mensagem noturna, no domingo (15), Zelensky disse que a Ucrânia recebeu mensagens de apoio de vários países do mundo após o ataque.
Ele então começou a falar em russo e afirmou que queria se dirigir aos russos que "nem mesmo agora podiam pronunciar algumas palavras de condenação diante desse terror".
— Seu silêncio covarde, sua tentativa de esperar, só terminará quando um dia esses mesmos terroristas forem atrás de vocês — declarou Zelensky.
Tanques do Reino Unido
Depois destes novos bombardeios contra instalações energéticas, grande parte das regiões do país registaram cortes de energia.
— É possível parar o terror russo? Sim, é possível. Isso pode ser feito de outra forma que não seja no campo de batalha na Ucrânia? Infelizmente, não — disse Zelensky.
— O mundo deve acabar com esse mal — insistiu o presidente, reiterando seu pedido aos países ocidentais para que forneçam mais armas.
O Reino Unido prometeu no sábado fornecer "nas próximas semanas" 14 tanques Challenger 2 para a Ucrânia. Esta entrega reflete "o compromisso do Reino Unido em intensificar seu apoio à Ucrânia", disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ao líder ucraniano em uma conversa por telefone.
O Reino Unido se tornou o primeiro país a enviar esse tipo de tanque para a Ucrânia. Zelensky saudou a decisão de Londres, que "não apenas nos fortalecerá no campo de batalha, mas também enviará o sinal certo para outros parceiros".
A diplomacia russa reagiu ao anúncio garantindo que a decisão apenas "intensificará" o conflito, "gerando mais vítimas, inclusive entre a população civil".
Os aliados de Kiev já entregaram quase 300 tanques soviéticos modernizados, mas nunca tanques pesados de fabricação ocidental.
"Disciplina rígida"
Na linha de frente, a cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, permanece "sob controle ucraniano", disse o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, no sábado. Soledar, a cerca de 15 quilômetros de Bakhmut, é uma das áreas "mais quentes" do conflito, disse ele na televisão.
De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, "é altamente improvável que as forças ucranianas consigam manter posições na mesma cidade de Soledar". No meio da semana, o grupo paramilitar russo Wagner reivindicou o controle da cidade.
Quando o Ministério da Defesa russo alegou ter capturado Soledar alguns dias depois, não mencionou Wagner. Mais tarde, porém, o ministério divulgou um comunicado destacando a "coragem" das forças do grupo. A tomada de Soledar significaria uma importante vitória militar simbólica para Moscou, após os reveses sofridos por suas tropas desde setembro.