A segunda-feira (19) começou com uma série de bombardeios contra várias infraestruturas críticas em Kiev, mas terminou com a instalação de uma árvore de Natal artificial de 12 metros de altura no centro da cidade, decorada com pombas da paz. Conforme autoridades da capital ucraniana, a ação é uma garantia aos cidadãos de que o governo não permitirá que a Rússia "roube" o Natal das crianças ucranianas.
Dezenas de moradores enfrentaram o frio congelante para admirar a árvore, localizada ao lado da catedral de Santa Sofia de Kiev, famosa por suas cúpulas douradas, e não perderam a oportunidade de tirar selfies.
Entre eles estava Natalya, uma guia de turismo. Segundo ela, a árvore "traz um clima festivo para um período difícil".
— É um elemento muito emblemático das nossas festas de fim de ano — acrescentou, em frente à árvore, iluminada com lâmpadas amarelas e azuis, as cores da bandeira nacional.
No topo está o brasão do país, representado por um tridente dourado.
— Os russos tentam privar nossos cidadãos de uma vida normal, mas não vamos deixar que roubem a maior das festas, o Ano-Novo e o Natal, de nossos filhos — disse o prefeito da cidade, Vitali Klitschko, durante a inauguração.
"Invencibilidade"
Segundo a tradição ortodoxa, os ucranianos comemoram o Natal em 7 de janeiro, mas várias pesquisas indicam que um número crescente de pessoas prefere celebrá-lo em 25 de dezembro, assim como outras igrejas.
Uma pesquisa da Interfax-Ucrânia mostra que o apoio a essa mudança aumentou de 26% em 2021 para 44% em 2022.
A princípio, o prefeito teve dúvidas se colocava ou não a árvore, reconheceu o próprio Klitschko, com medo dos bombardeios das forças russas, que provocaram grandes apagões no país, em pleno inverno do norte.
Mas a cidade se adaptou. As luzes das árvores são iluminadas por um gerador a diesel e foram usadas decorações de outros anos.
— Nós a chamamos de "a árvore de Natal da invencibilidade ucraniana". A ideia é que as crianças tenham boas férias, apesar dos tempos difíceis — explicou Klitschko.
Mas é difícil ignorar o conflito e entrar totalmente no espírito natalino.
— Não há uma atmosfera festiva especial — contou à Agence France-Presse (AFP) a contadora Tetyana Prykhodko, que acaba de se mudar para Kiev procedente de Kherson, cidade no sul do país, ocupada por meses pelos russos. — Só espero que, no final, tudo isso acabe e que a paz chegue. É o que todos esperamos — relatou.