A Polônia, um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), colocou nesta terça-feira (15) seus militares em alerta após ter seu território atingido por um "míssil de fabricação russa", algo que ameaça desencadear uma escalada perigosa na Europa.
O governo polonês indicou que "um projétil de fabricação russa" caiu em seu território "matando dois cidadãos" poloneses e informou que o embaixador russo em Varsóvia foi convocado para dar "explicações detalhadas" sobre o ocorrido.
Os embaixadores da Otan se reunirão nesta quarta-feira em Bruxelas para discutir a situação.
Em Bali, Indonésia, onde ocorre a cúpula do G20, segundo a Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teria uma reunião de emergência com países aliados para falar do caso.
Participam do encontro líderes do G7 - Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Alemanha e Japão - e da Espanha, Holanda e União Europeia.
Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de disparar mísseis contra a Polônia. Moscou desqualificou essa versão como uma "provocação" com o objetivo de aumentar as tensões.
O presidente polonês, Andrzej Duda, admitiu que não há "prova inequívoca" de quem disparou o míssil, embora tenha dito que o artefato era "provavelmente de fabricação russa".
Diante dos fatos, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, pediu aos poloneses que mantivessem a calma. "Precisamos ter moderação e cautela", acrescentou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse estar "chocado" e anunciou que iria propor "uma reunião de coordenação" dos líderes da União Europeia que participam da conferência do G20.
Polônia eleva nível de alerta militar
A Polônia decidiu "aumentar o nível de alerta de algumas unidades de combate", anunciou o porta-voz do governo, Piotr Müller, após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.
Segundo a mídia polonesa, a explosão ocorreu na cidade de Przewodow, a poucos quilômetros da fronteira ucraniana.
A Otan está "monitorando a situação" e "é importante que todos os fatos sejam esclarecidos", tuitou o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg.
A Polônia está protegida pelo artigo 5 do tratado da Otan, que estipula que se um Estado-membro for alvo de um ataque armado, seus parceiros considerarão o ato como um ataque armado dirigido ao grupo e tomarão as medidas que julgarem necessárias para ajudar o país atacado.
O país recebeu uma onda de apoio de países da Otan, como mensagens do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, negou categoricamente que seu país tenha lançado um míssil para provocar uma reação da Otan.
"A Rússia promove uma teoria da conspiração de que um suposto míssil de defesa aérea ucraniano caiu em território polonês. Isso não é verdade", declarou.
Grandes bombardeios
Os relatos surgiram após um dia de intensos bombardeios russos contra várias cidades ucranianas, em particular contra suas instalações de energia, o que deixou 10 milhões de pessoas sem luz, segundo Zelensky.
À noite, o presidente informou que oito milhões de usuários já haviam sido reconectados à rede elétrica.
Na vizinha Moldávia também houve quedas de energia.
A Rússia, por sua vez, acusou a Ucrânia de ter bombardeado a região fronteiriça russa de Belgorod, levando a duas mortes.
Os ataques russos acontecem quatro dias após a humilhante retirada das forças de Moscou da área de Kherson, incluindo a capital regional de mesmo nome, após quase nove meses de ocupação.
Zelensky convocou o G20 a se pronunciar sobre os bombardeios russo.